Explosão Solar pode atinger a Terra e causar fortes tempestades magnéticas

Astrônomos do mundo todo estão olhando para o céu de diversas formas durante esse fim de semana aguardando pelo impacto de partículas ejetadas da superfície solar  na última quinta, dia 11.  

Na madrugada dessa quinta, uma intensa explosão na superfície solar lançou uma grande quantidade de partículas em direção da Terra - a imagem ao lado registrou esse fenômeno.

Não se sabe ao certo quando essa massa de partículas carregadas chegará a Terra, mas sensores em satélites que estão em órbita entre o nosso planeta e o Sol indicam que elas estão a caminho.   Os primeiros impactos eram esperados para  a noite desse sabado (13).

Apesar de intensa, essas partículas são barradas pela magnetosfera, e desviada para os polos. Por isso, nos próximos dias,  são esperadas auroras muito intensas nessas regiões.  As partículas não causam males a saúde, mas podem afetar sistemas de telecomunicações, GPS, e sistemas elétricos.

Para conhecer os detalhes desse impacto, continue a leitura desse post.

Na quinta dia 11 portais de astronomia pelo mundo dispararam alertas sobre a intensa ejeção de massa coronal de alta energia (principalmente prótons) detectada na superfície solar. A explosão ocorreu às 05h15 pelo horário de Brasília, próximo da mancha solar 1719, e foi detectada inicalmente pelo satélite GOES-13 (geoestacionário, que monitora principalmente a América do Sul).  De acordo com os dados coletados pelos sensores de vários satélites de observação do sol, as partículas estão viajando a 3.6 milhões de km/h (cerca 1000 km/s), e eram esperadas para sabado a noite aqui na Terra.

Sensores espalhados pelo Canadá e Rússia estão monitorando as atividades geomagnéticas para terminar o momento do impacto, uma vez que essa núvem de partículas é invisivil ao olhos humanos. Elas são percebidas apenas por sensores especiais, que olham para o céu com lentes de raio-x, e por sensores muito sensíveis que captam variações do campo magnético que circunda a Terra.  O gráfico abaixo mostra essa oscilação, e foi registrado com os dados coletados por um sensor magnético no Alasca. Note que ele começa a oscilar próximo das 12h do dia 14, indicando que algumas partículas já nos atingiram. Ele deverá apresentar desvios signficativos no momento que mais partículas chegarem à Terra.

 O gráfico mede a variação do campo magnético da Terra em nanotesla (eixo vertical) ao longo do tempo (eixo vertical), e é atualizado a cada meia hora.  Cada linha colorida do gráfico representa uma componente do campo magnético terrestre: a componente H (traço preto), indica um campo naturalmente positivo, parao sentido norte; a componente D (vermelho), indica um campo positivo no sentido leste; e a componente Z (azul), indica um campo positivo no sentido nadir (verticalmente acima do sensor). Essas componentes são ortoganais e sofrem variações quando partículas eletromagnéticas passam por ele.

As partículas que estão a caminho são tão intensas que um desvio de 800 nT são esperado - isso fará com que as linhas bem comportadas alcançem quase o limite do gráfico acima!

Apesar de toda a tecnologia de detecção, o único efeito percebido pelo homem desse impacto serão as auroras. Esperadas para os próximos dias, enfeitarão com muitas cores os céus das altas latitudes - os polos. Abaixo segue um vídeo registrando o fenômeno ocorrido no fim de janeiro desse ano.




DICA: Você pode acompanhar a ocrrência desses fenômenos monitorando um dos sensores que instalei em meu blog: procure no lado esquerdo da tela pelo "Sensores de longo alcance: Auroras", e note como ele mudará rapidamente nesses dias...

A foto abaixo foi uma das primeiras captadas do evento deste fim de semana, tirada em 13/4, as 23:30, por uma câmera de observação de auroras instalada numa base japonesa no polo sul

Mas a primeira foto desse evento foi registrada pelo satélie SOHO que captou o momento exato dessa explosão (às 5h50 da quinta dia 11). O SOHO é um dos nosso olhos fixos para o Sol: esse satélite orbita nossa estrela numa órbita interior a da Terra, a mais de 1 000 000 km da Terra. Ou seja: ele  está mais perto do sol do que nós.

A foto mostra no centro da imagem uma espécie de "tapa olho", que tampa completamente o Sol, permitindo às suas lentes captarem qualquer atividade na superfície solar. Ele é formado por 12 sensores diferentes. A foto ao lado foi tirada com a lente capaz de captar uma das emissões mais portentes vindo do Sol: explosões de raio-x - e por isso ele está azul.

Na imagem é possível ver todo o material ejetado vindo em nossa direção, e na direção de nosso visinho interno - Vênus. Marte está indicao na imagem, mas ele esta "do lado oposto" da explosão.

O Vídeo abaixo foi compilado com os dados coletados pelo SOHO durenta os últimos 2 dias, e mostra a posição relativa dos demais planetas durante a explosão. Cada planeta é indicado com uma bolinha colorida, e dá para percebr onde estão quando a explosão ocorreu, e quem será atingido por ela.

Observar eventos como esses é cada vez mais importante para a sociedade atual pois eles podem afetar o funcionamento de aparelhos eletrônicos e as telecomunicações. Blecautes nas transmissões em alta frequências (como celulares, rádios, GPS e satélites) são esperados, causando falhas momentâneas.

Os vôos que passam pelas regiões polares (acima da latitute 55º N e S) foram desviados para nao sofrerem interferência das partículas que são defletidas pelo campo magnético da Terra para essas localidades.  São nessas regiões que as auroras são esperadas.

No espaço, o choque das partículas aumenta do arrasto nas camadas mais altas da atmosfera e influenciam diretamente na altitude dos satélites de órbita baixa, que poderão requerer manobras corretivas de orientação.

Contudo, fique "tranquilo" pois apesar de intensas, essas explosões solares não causaram riscos à saúde.

p.S.: assim que novos dados forem divulgados irei atualizar esse post.

Fontes para esse post:
Portal G1,  Apolo11, Terra, Uol, NASA, Folha de São Paulo, ESA, SOHO, Revista Info