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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Satélite feito por alunos do Ensino Fundamental é colocado em órbita!


A foto ao lado registra o momento em que entrou em órbita o Ubatubasat (o "tubinho" escuro, na parte inferior da imagem), primeiro satélite construído por alunos do ensino fundamental!

O momento histórico ocorreu nesta segunda-feira (16.01), às 9h49 – horário de Brasília. O pequeno satélite foi lançado a partir da Estação Espacial Internacional (à esquerda da foto).

Mérito é da equipe de alunos da Escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba, e do professor Cândido Oswaldo Moura, mentor do projeto.

Quer saber como esse grupo conseguiu tal façanha?


Você já pensou em construir alguma coisa? Creio que desde pequenos somos impulsionados a criar... sejam através de bloquinhos de montar ou mesmo atraves de desenhos... Normalmente, o objeto mais distante que os alunos lançam ao céu é uma pipa. Já pensou em construir um satélite? Foi isso que uma equipe de alunos da escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba, construiu: é o UbatubaSat, um satélite "pré-moldado" que recebeu adaptações e entrou em órbita nessa semana. Assista a reportagem:



Ouça tambpem a entrevista do coordenador do projeto cedida à radio EBS:




O Projeto
A ideia e supervisão é do professor Candido Oswaldo Moura, formado em física e que leciona matemática na escola Municipal Tancredo Neves. “Vimos uma nota na revista Superinteressante que falava de uma empresa norte-americana estava vendendo kits de satélites (clique aqui para ler). Foi aí que pensei na possibilidade de construir isso com os alunos. Falei com amigos e empresários para levantarmos recursos, fui no Inpe e lá tive uma conversa com o diretor, que topou em nos apoiar. E aí começou tudo”, afirma.

A iniciativa conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Agência Espacial Brasileira (AEB). 

O projeto conta com a participação de mais de 300 alunos da escola.  Na foto ao lado, parte dos integrantes em 2014.

A iniciativa já chamou a atenção de instituições de países como Inglaterra, Estados Unidos e Japão, sendo este último o pais responsável pelo lançamento do UbatubaSat (a foto do inicio desta publicação é do módulo japonês da estação espacial).

"Nossa intenção era colocar os alunos para realizar um experimento científico e, assim, participar de um programa científico real, pondo os alunos em contato direto com pesquisadores espaciais. A carga útil que acabamos escolhendo para ser transportada pelo satélite era um gravador de voz, contendo uma mensagem que poderia ser captada por radioamadores. Fizemos um concurso interno na escola, selecionamos a mensagem ganhadora e fizemos a gravação. Adiante, acabamos incluindo outra carga útil no satélite. Depois de entrar em contato com o INPE , soubemos que os físicos e astrônomos do Instituto queriam enviar ao espaço uma Sonda de Langmuir. Esta sonda, que recebe o nome de um renomado físico, tem o objetivo de pesquisar e visualizar a formação de bolhas de plasma [em física e em química, um dos estados da matéria, similar ao gasoso, no qual certas partículas da matéria são ionizadas]. Estas bolhas que se formam na ionosfera, a camada mais alta da atmosfera, interferem na captação de sinais de telecomunicações, no funcionamento de GPS, no controle do tráfego de aeronaves, etc. A Sonda de Langmuir tem, enfim, uma série de aplicações. Desta forma, levamos duas cargas úteis no satélite: a gravação e a Sonda de Langmuir" conta o professor Moura.

Satélite
Um satélite é basicamente qualquer tipo de objeto que dá voltas em torno de um planeta, em um trajeto circular ou em forma de eclipse. Essa trajetória é chamada de órbita. A Lua, por exemplo, é considerada o satélite natural da Terra. Mas também existem os satélites artificiais, ou construídos pelo homem, que servem para executar funções planejadas, como o Ubatubasat.

Os satélites Tancredo I e II (na foto ao lado) do projeto Ubatuba Sat são construídos a partir de um kit fornecido pela empresa Interorbital Systems localizada em Mojave no deserto da Califórnia, EUA.  O kit inclui o projeto, os principais componentes eletrônicos, bem como o serviço de lançamento, custando a partir de US$ 8,000.00. Os demais componentes devem ser adquiridos no mercado.

"A partir desse kit, o construtor deve projetar a aplicação que define o uso do satélite, bem como, promover ajustes e adaptações no projeto original. No caso do Tancredo I optamos por construir um pequeno gravador no qual será gravada uma mensagem escolhida em concurso envolvendo toda a escola, que será transmitida de órbita", conta o professor.

O satélite tem 13 cm de comprimento e pesar 750 g. Por ser um microssatélite, de estrutura simples, orbita a Terra a 300 km de altitude por apenas três meses. Leva consigo uma pequena bateria e painéis solares além dos instrumentos eletrônicos e científicos.


A parceria com o  INPE  se mostrou imprescindível, pois é fato inédito no Brasil colocar alunos do ensino fundamental trabalhando lado a lado com pesquisadores profissionais.

Para aprender a montar o satélite, os alunos que compõem o grupo passaram por cursos de solda com qualificação espacial e de eletrônica básica nos laboratórios do INPE. As foram esses momentos de preparação.

A equipe promoveu um concurso para a rede pública de Ubatuba e uma jovem gravou uma mensagem que vai ser transmitida de órbita para a escola, em inglês e português. Mas o satélite também tem uma importante função – ou carga útil, como se diz tecnicamente: servir de ferramenta para um experimento do Inpe, que pretende estudar as chamadas bolhas de plasma da atmosfera, fenômeno ionosférico que compromete a captação de sinais de satélite e antenas parabólicas em países localizados na linha do Equador. São causadas pelas variações dos ciclos solares.



Lançamento
"Quando adquirimos o kit para satélites, os norte-americanos nos disseram duas coisas que nos chamaram muito a atenção: a primeira, a de que nossos alunos seriam os mais jovens participantes da pesquisa espacial se quisessem mesmo levar o projeto em frente; e a segunda, a de que para executar efetivamente o projeto precisaríamos de um forte suporte técnico. A princípio, contávamos com esta mesma empresa, mas, como os seus lançamentos começaram a retardar 2, 3 anos, decidimos buscar alternativas. Soubemos então que a AEB (Agência Espacial Brasileira) havia contratado vários voos com a Jaxa para dar andamento ao seu programa Satélites Universitários. Ao saber do nosso projeto, a AEB dedicou um desses voos para nós, e ele foi lançado rumo à estação espacial na sexta-feira, dia 9 de dezembro,  por um foguete da JAXA dentro de um adaptador TuPOD, de fabricação italiana."

A AEB arcou com os custos dos testes e do voo do satélite para estação espacial, além de incluir os alunos no programa Satélites Universitários, criado para fomentar o desenvolvimento de satélites nas universidades brasileiras.

Expectativas
Segundo o coordenador do projeto, o Tancredo-2, segunda versão do projeto já está em desenvolvimento. Trata-se de um cubesat com uma carga útil ótica para detectar raios do espaço. A expectativa é que a segunda versão entre em órbita em 2019.

O professor Cândido destaca que educar é formar pessoas para mudar o mundo. “Não consigo ver a escola de outro jeito, gosto de pegar na mão e ensinar a andar no mundo”, comenta o professor, ao defender que o convívio com a ciência e a tecnologia ajuda a enfrentar desafios. “Quando você constrói um satélite aos 11 anos, você consegue qualquer coisa, ninguém te segura”, garante. "Eles são considerados os jovens mais novos do mundo a ingressar na área espacial”

"Todos os alunos se envolveram bastante com os temas, como eletrônica e física, e aparentemente é uma coisa que pode contribuir no médio prazo para a formação de pessoas para atuar na área de ciência e tecnologia", disse o tecnologista Gabriel Figueiró, da Diretoria de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB.

Experiência única
Os alunos que participaram da construção do satélite tiveram a oportunidade de viajar para o Japão e para os Estados Unidos, onde conheceram a Nasa.

"Quando a primeira turma do projeto estava no 8º ano, eles escreveram um artigo e o submeteram ao principal congresso aeroespacial do Japão. O documento foi aceito e 12 alunos foram para o Japão patrocinados pela Unesco", destaca Moura.

Uma das alunas que participou do projeto, Nathalia Martins da Costa, tinha 11 anos na época. Para ela, o UbatubaSat foi decisivo para a escolha do curso de Engenharia Eletrônica.


"Foi uma experiência muito importante na minha vida, porque me ajudou a ter um foco e saber do que realmente gosto. Hoje, sou muito interessada na área de eletrônica e quero fazer uma faculdade voltada para isso", revela a jovem de 17 anos

PARABÉNS A TODA A EQUIPE!!!!

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