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quarta-feira, 14 de março de 2018

"Continuem olhando para o céu" - Tributo à Stephen Hawkings

O mundo perdeu hoje uma das maiores estrelas do universo contemporâneo: o físico Stephen Hawkings. Ele que ao longo de seus 76 anos superou obstáculos físicos e intelectuais, surpreendeu a comunidade científica diante do entendimento que desenvolveu sobre os universo, e principalmente diante da luta contra a doença degenerativa que o prendeu a uma cadeira de rodas por grande parte da vida.

Divulgo nessa publicação uma breve história de seu tempo conosco, e registro minha gratidão por inspirar muitos, e a mim.


Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino Unido, Hawking era considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso da Ciência, como também por sua constante preocupação em aproximá-la do público e por sua coragem de enfrentar a esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa da qual sofria desde seus 21 anos e que o deixou aprisionado em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural.

Parte de sua história foi retratada no filme "A teoria de tudo", lançado em 2015 e vencedor de um oscar. Deixo um gostinho do treiller oficial para motivar a todos a assisti-lo (mas ja aviso que o livro possui bem mais detalhes...):


"Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito". A frase de Hamlet, de William Shakespeare, citada por Stephen Hawking em seu best-seller "O Universo Numa Casca de Noz (2001)". Talvez esta seja uma das melhores metáforas para ilustrar a vida deste físico inglês de 76 anos recém completados.

Sua família informou que ele faleceu em casa, devido as complicações da própria doença.  O jornal britânico "The Guardian" publicou trechos do comunicado de seus filhos Lucy, Robert e Tim: "Ele foi um grande cientista e um homem extraordinário. Seu legado irá viver por muitos anos. Sua coragem e persistência, além de seu brilhantismo e bom humor, inspiraram pessoas em todo o mundo. (...) Nós vamos sentir sua falta para sempre"

A doença
O jovem Hawking gostava de montar a cavalo e de remar. Mas aos 21 anos tudo mudou. Ele começou a notar que seus movimentos eram cada vez mais desajeitados e foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neuromotora que afeta todo o sistema nervoso e não tem cura. 


Na época os médicos disseram que ele não viveria mais do que dois anos. Quando foi diagnosticado, planejava seu casamento com Jane Wilde, sua primeira mulher. "O compromisso me salvou a vida, me deu uma razão para viver", contou o físico anos mais tarde. Esse é um dos trechos marcantes do filme. O casal teve dois filhos. Hawking desafiou todos os prognósticos - a doença avançou mais lentamente do que o previsto. Mas com os anos acabou o deixando com movimento somente em dois dedos e em alguns músculos faciais.

Ele ficou mundialmente conhecido como o cientista que vivia recluso em uma cadeira de rodas computadorizada sem poder mexer o corpo franzino e atrofiado. E como o pensador que conquistou reinados da física ao ajudar a entender a origem do Universo e o papel dos buracos negros. "Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes", diz Hawking, citando Isaac Newton (1643-1727), na obra "Os Gênios da Ciência" (2002), na qual revisita pensadores revolucionários.

Em 1985, enfrentou uma pneumonia e teve que se submeter a uma traqueostomia, o que fez com que perdesse a voz. Mudo e quase paralisado, passou a necessitar do auxílio da tecnologia para se comunicar com as poucas partes do corpo que conseguia mexer. Com o software Equalizer, conseguia sintetizar sua voz com o toque dos dedos. 

A partir de 2005, sem mais contar com os movimentos dos dedos, passa a usar os músculos da bochecha para controlar o sintetizador. Em 2013, a Intel desenvolveu e cedeu a Hawking um aparelho que rastreia o movimento dos olhos do cientista para gerar palavras. 


Hawking contribuiu para o desenvolvimento dessa tecnologia que permitiu a outras pessoas com restrições similares conseguissem se comunicar. Novas interfaces de interação com máquinas também foram desenvolvidas e são atualmente utilizadas pelo mundo todo graças a grande divulgação das possibilidades que o físico demonstrou ser possível com treinamento e paciência.


A única reclamação do físico, para quem "a vida seria trágica sem diversão", era a de que "o sintetizador dá um sotaque americano". 


O equipamento adaptado à sua cadeira de rodas acabou se tornando não só uma de suas marcas registradas, mas também uma fonte de opiniões e conhecimentos constantemente ouvida e respeitada no mundo todo.Esta situação o transformou em um ícone mundial, retratado desde "Os Simpson", na música, e (claro!) em "Jornada nas Estrelas". Assista a alguns trechos na qual Hawking afirmou ter se divertido em participar:




Compartilho também mais um vídeo entitulado " 10 coisas que você não sabia sobre Hawking":


Mesmo com tantas limitações físicas, ele seguiu trabalhando em suas teorias, divulgadas em livros e inúmeros eventos públicos. Recomendo visitar o site dele para conhecer seus livros (técnicos, de divulgação científica e de ficção). Clique aqui para acessar o site.  Seu último livro "George e a Lua Azul" foi escrito em parceria com sua filha, é destinado à exploração do universo para crianças (fica a dica para presentear seus amigos!)



Legado
Sua genialidade contribuiu para o avanço da física e sua irreverência e bom humor o transformou num fenômeno pop, muito semelhante ao sucesso pop de Albert Einstein (1879-1955). 

Hawking ocupou a cadeira de Isaac Newton como professor de matemática na Universidade de Cambridge até 2009, comunicando-se apenas com um botão que selecionava palavras para seu sintetizador pronunciar.
Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou toda sua vida, estudar as leis que governam o Universo, também poderia ser atraente para o grande público (inspirador!). Sua capacidade de transformar assuntos complexos acessíveis e cativante ao público leigo transformaram-no em um astro mundial. Este é o caso do best seller "Breve História do Tempo",  que se converteu em um sucesso absoluto no mundo todo, com mais de 10 milhões de cópias vendidas ao longo de 20 anos. Claro que eu faço parte dessa tiragem e faço questão de leva-lo à minhas aulas para que meus alunos tenham contato com esse tipo de material.

Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar que a Teoria Geral da Relatividade formulada por Einstein implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big Bang e um fim nos buracos negros.

Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação" que os buracos negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade que nem a luz pode escapar delas - eram capazes de emitir energia e perder matéria. 
Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão de que os buracos negros não absorvem tudo.

"O buraco negro só aparece em uma silhueta e depois se abre e revela informações sobre tudo o que havia caído dentro dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o futuro", disse o cientista.

O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns se aproximassem dos mistérios do Universo, e em busca desse objetivo não duvidou em recorrer ao humor.

Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão Os Simpsons, o cientista advertia Homer de que roubaria sua ideia de que o Universo tem forma de rosca.

Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em sua própria página na internet, com piadas contadas por ele mesmo. "Quando tive que dar uma conferência no Japão, me pediram que não fizesse menção ao possível colapso do Universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores", escreveu. "Porém, posso assegurar a qualquer um que esteja preocupado com seus investimentos de que é um pouco cedo para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve ocorrer dentro de ao menos 20 bilhões de anos", concluiu.



Ao ser questionado sobre seus propósitos, dizia ter na vida um objetivo simples: "a compreensão completa do Universo". Por sua história de superação, por conseguir chegar às pessoas com seu talento comunicativo e pelo seu  interesse em áreas que extrapolavam seu campo de estudo, perseguiu esse fim para além da física. "Olhe para as estrelas, não para os seus pés", explicou Hawking em 2012, ao completar 70 anos.



 Suas limitações físicas foram superadas por sua força de vontade indômita, pela tecnologia e pela ficção.  Que sua dedicação à vida seja fonte de inspiração para que muitas estrelas comecem a brilhar...


Fonte:

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