Cassini "o último vôo"

A sonda Cassini está prestes a encerrar sua fabulosa missão de exploração de Saturno e suas luas.

Na próxima sexta, dia 15, ela chegará ao planeta gigante, adentrando sua densa atmosfera e encerrando seus 20 anos de exploração espacial. 

A animação ao lado ilustra uma possível visão desse fato...

Essa publicação é um tributo a sua gloriosa jornada!

Por que destruir a Cassini?

Lançada em 1997, a missão Cassini-Huygens constitui um esforço colaborativo entre a NASA, a Agência Espacial Européia (ESO) e a agência espacial italiana. Está em órbita de Saturno ha 13 anos.

Apesar de ser originalmente planejada para funcionar até 2008, suas descobertas referente ao planeta gigante e suas luas estimularam a equipe a estender por duas ocasiões (em 2008 e 2010) sua vida.

Contudo, sua quota limitada de combustível chegou ao fim...

Ao lado, uma visão 3d da nave.

Para evitar que ela caia acidentalmente em alguma das 63 luas desse planeta a sonda foi direcionada propositalmente rumo a Saturno. A intenção é incinerar a nave devido a seu atrito com a atmosfera do planeta, evitando que a nave (ou partes dela) caia em alguma lua e contamine futuros empreendimentos científicos que investiguem a habitabilidade ou a potencialidade das luas abrigarem vida.  

Este "funeral espacial" está programado para ocorrer as 08:45 no horário de Brasília (informação atualizada em 14/09 as 16h), e será transmitido pelo canal de divulgação da NASA.

A Missão Cassini

Antes da missão de Cassini, pouco se sabia sobre o planeta. Apenas três outras sondas visitaram esta região do nosso sistema solar - Pioneer 11 e Voyagers 1 e 2, que passaram pelo planeta mas forneceram fotos cativantes do planeta e renderam descobertas inovadoras. 

Mas foi o primeiro levantamento de Close-up do planeta de Cassini e seu sistema de anéis e luas em 2004 que mudou a compreensão dos cientistas sobre o planeta e mudou para sempre nossa abordagem para a exploração planetária.

Cassini estuda Saturno e suas luas desde 2004; algumas de suas muitas descobertas incluem a detecção de pelo menos 101 geysers de água que brotam da lua Enceladus (na ilustração ao lado) e a descoberta de evidências de química prebiótica na lua Titã (ou seja, condições para originar vida!). 

O vídeo abaixo resume sua missão:

Outro vídeo ilustra o pouso de seu módulo Huygens em Titan:

Os cientistas acreditam que ambas as luas podem ser capazes de suportar a vida. Enceladus com mais de 504 km de largura abriga um oceano de água líquida sob sua concha gelada, e pontos quentes hidrotermais dentro desse oceano podem fornecer energia para os organismos, se houver lá. Cassini registrou várias erupções de água quente em sua superfície, como a ilustrada na imagem ao lado.

Titã, com 5,150 km de largura, também é candidato a abrigar um oceano subterrâneo da água. Em sua superfície foram detectados lagos e mares de hidrocarbonetos líquidos. Ambos ambientes podem ser habitáveis ​​- embora qualquer vida que nada sobre os mares de superfície seja muito diferente dos organismos que conhecemos aqui na Terra. Ao lado, ilustração de sua superfície com Saturno e Cassini ao fundo.

Preparativos finais

Desde abril desde ano a equipe da missão direcionou a Cassini para uma orbita que levará a sonda direto para Saturno. Falei disso nessa publicação da época. Ao lado, ilustração de sua trajetória desde então.

Na última segunda, dia 11, ela fez sua última passagem por Titan, sobrevoando a quase 120 mil Km sua superfície. A sonda agora está em curso suicida para Saturno (trajetória indicada em amarelo na animação) ...

Essa última órbita foi programada para desacelerar a sonda e garantir que ela atinja a atmosfera do planeta na próxima sexta, dia 15.

Cassini teve um longo relacionamento com Titan ao longo de sua jornada: foram mais de 100 encontros desde de 30 de junho de 2004, quando chegou pela primeira vez ao sistema - e algumas de suas descobertas estão no vídeo acima.


 
Para celebrar de forma gloriosa as contribuições científicas da missão e seu encerramento, a Sociedade Planetária, grupo dedicado a pesquisa e proteção dos astros do sistema solar, produziu uma melodia de ópera clássica interpretada pelo ator Robert Picardo, que interpretou o médico holográfico da nave Voyager de Jornada nas Estrelas. Picardo é um dos membros da administração desta sociedade. Segue o vídeo de despedida:

Fontes:

Space (link 1, link2), NASA, ESO, CNN