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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Quem viu o cometa que estava aqui?

Cadê? Alguém por acaso viu o cometa que estava por aqui?
Para aqueles que (assim como eu) deixaram para registrar o cometa do século durante a sua passagem no natal, saibam que é oficial: a NASA informou no último dia 10 que O Ison sumiu (ninguém sabe ao certo o que aconteceu com ele...). A imagem ao lado indica com um sinal "+" em branco aonde ele deveria estar depois de passar pelo Sol, mas não há sinais dele.

Esse post é para relembrar (e conhecer) aquele que seria o tão esperado cometa do século.

A notícia
No dia 10 desse mês a NASA divulgou oficialmente que o cometa Ison foi provavelmente desintegrado após sua passagem mais próxima pelo Sol ocorrido no dia 28 de novembro. As imagens de satélite registraram a aproximação do cometa ao nosso astro, mas não captaram a mesma quantidade de material após a sua passagem por ele.

O vídeo abaixo registra esse momento. Observa-se o cometa (o ponto branco intenso vindo da direita para esquerda) aproximando-se do Sol, e ao passar pelo astro, seu brilho diminui muito enquanto uma núvem muito intensa é observada ao redor do dele. Provavelmente a forte radiação solar desintegrou o núcleo do cometa, que explodiu com tanto calor. Veja:


Fonte: Canal da NASA no Youtube

As imagens são reais (não são animações), e foram captadas pelas poderosas lentes dos satélites STEREO A e B e o SOHO. Esses satélites focam continuamente o nosso astro direto do espaço, numa órbita de mesma trajetória da Terra, mas deslocadas temporalmente: os STEREOs estão 3 meses adiante da posição de nosso planeta (STEREO-A) e 3 meses depois (STEREO-B), numa órbita igual a da Terra (eles observam o Sol "de lado"); o SOHO está numa órbita mais interna (ele observa o Sol "de frente"). Veja a ilustração ao lado para compreender os pontos de vista que foram registrados o vídeo acima.


A descoberta
O Ison foi observado pela primeira vez em setembro de 2012, quando estava a quase 1 bilhão de quilômetros da Terra. Os russos Vitali Nevski e Artyon Novichokon (ao lado), dois astrônomos amadores, foram os primeiros a detectarem o astro, que recebeu a designação astronômica oficial de C/2012 S1, mas era mais conhecido pelo nome que foi batizado: ISON é o nome do projeto de pesquisa que esses astrônomos fazem parte - a Rede Otico Científica Internasional (International Scientific Optical Network, ou ISON).

De acordo com as previsões feitas apartir do mapeamento da trajetória do cometa (física clássica básica), o Ison foi empurrado em direção ao Sol por um outro astro que passou pela nuvem de Oort e o deslocou para cá. A nuvem de Oort é uma espécie de canteiro de obras que reune as "sobras" da formação do sistema solar, que são basicamente rochas congeladas. A imagem ao lado ilustra a localização dessa nuvem, que cincunda todo o nosso sistema planetário, a uma distãncia aproximada de 50 000 UA (quase 1 ano-luz do Sol), e eventualmente por motivos que ainda não sabemos ao certo (pois ela está muito longe e a coleta de dados da região é muito complicada), uma dessas rochas, que possuem tamanhos e massas variadas, encaminha-se na direção do Sol, e "derrete" devido ao calor e radiação intensa de nosso astro. o Ison foi um desses astros. Seu núcleo foi estimado inicialmente em 5km de diâmetro e sua massa em torno de 2 a 3 bilhões de tonedadas! Porem, ao passar por Marte em novembro, determinou-se que ele teria em torno de 600m apenas, sendo portanto, muito menor e mais leve do que o estimado. Foi nesse momento que as piores probabilidades ganharam força; deste então, a comunidade científica já esperava que ele não sobreviveria a interação solar.

Divulgo abaixo uma animação da NASA que mostra como nasce um comenta. Apesar de inglês, é bem didático:


A imagem abaixo é da folha de São Paulo, que publicou uma reportagem em 28 de novembro sobre a aproximação do Ison, na qual mostra uma ilustração com uma "radiografia" do cometa e algumas definições astronômicas importantes.

Aproximações e visibilidade
Durante sua viagem, o Ison encontraria-se por duas vezes com a Terra: uma em novembro, e outra em dezembro. A imagem ao lado ilustra sua trajetória. Esses meses foram muito aguardado pelos astrônomos, pois o estudo de sua trajetória indicava que ele se tornaria visível a olho nu durante o final do mês de novembro (alguém o viu??), e sua aproximação máxima do Sol (periélio) ocorreria em 28 de novembro (como aconteceu), ao passar apenas a 1,6 milhões de Km do Sol! . Caso o Ison sobrevivesse a interação gravitacional e calor do Sol, brilharia de forma muito intensa nos céus do mês de dezembro, sendo visível a olho nú, e no dia 26 estaria muito brilhante e seria visto pelo mundo todo - por isso estava sendo considerado o cometa do século.

As imagens abaixo são fotos interessantes do Ison, feitas de lugares bem diferentes: da estação espacial, de Marte e do planeta Mercúrio.

Foto do Ison visto da Terra (15/11),
usando um telescópio de 20cm na Califórnia.

Ison em 23/11 da Estação espacial
(essa eu tinha publicado como imagem de fundo do blog)

Ison no por do Sol marciano (imagem simulada) - Out/2013


Ison pelas lentes do satélite Messenger, em órbita de Mercúrio
Foi com nessa passagem que os instrumentos da Messenger  (espectógrafos)
detectaram quantidades significativas de carbono,oxigênio, enxofre e sódio
no núcleo do cometa.



Cometas e Cometas
Quando se fala de cometas, tudo é muito especulativo... é difícil saber com antecedência como eles irão se comportar ao se aproximarem do Sol. O Ison não foi diferente de outros cometas da história, que decepcionaram ou se tornaram um espetáculo no céu. Eu ainda pequeno me lembro de ter visto o Halley em 1986, em plena luz do dia, quando passou pela Terra pela última vez (a próxima será daqui a 40 anos). Na reportagem da Folha que cito acima, eles também divulgaram uma ilustração com os cometas que nos maralvilharam e que nos decepcionaram - veja ao lado.

A revista veja também possui uma reportagem interessante sobre a descoberta do ison e com os cometas mais importantes dos últimos 50 anos. Recomendo ver a reportagem para conhecê-los. Clique aqui para ver.

Existem outros cometas chamando nossa atenção atualmente por aqui. Cito em especial dois deles: o Encke (ilustrado na imagem acima) e o Lovejoy, que já passou por aqui em 2011. Ambos estarão mais próximos da Terra durante o ano que vem e darei as dicas de como observa-los pelos céus quando estiverem mais visíveis. Também é esperado um outro cometa já identificado chamado de C/2013 A1 (Siding Spring) que terá um trajeto parecido com o Ison, apesar de já sabermos que é bem menor. Observar e analisar cometas é uma forma de compreender a formação do sistema solar e nossas origens.

Legado
Essa seria a primeira vez que o Ison passaria pelo sistema solar interior e pelo Sol - existem cometas que passam várias vezes por aqui (que são so casos dos cometas de órbita fechadas, como é o Halley e o Lovejoy) e alguns de fato passam apenas uma vez e nunca mais volta. Infelizmente, o Ison não resistiu a força do nosso astro.

Apesar de não ter sobrevivido ao passar pelo Sol, o Ison foi captado por uma grande quantidade de estudiosos profissionais e amadores (grande parte!) espalhados pela Terra e até fora dela! De acordo com a NASA, o número de estações em terra, no espaço e de amadores que focaram o astro foi sem precedentes na história! Os dados coletados durante sua passagem permitirá compreender melhor a história da formação do sistema solar, já que os astros provenientes da nuvem de Oort guardam consigo os registros de nossa formação.

Para saber mais sobre o Ison, recomendo assistir a dois documentários recém lançados, disponíveis no Youtube: um é do canal inglês BBC (clique aqui) e o outro é do National Geographics (clique aqui). Ambos em inglês, mas é bem fácil de entender - só pelas imagens ja vale a pena!


Fontes dessa publicação: 

5 comentários:

  1. Oi prof.
    Esse blog é D+

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    Respostas
    1. Valeu João!!!
      apareça sempre por aqui - mostre o blg para seus pais tb!!!
      aposto que eles irão fazer perguntas, como voce me faz...

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  2. oi prof gostei muito do seu blog vou vir aki todos os dias que eu poder usar o pc



    5 ano B

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  3. André (5º A manhã)terça-feira, 04 março, 2014

    Oi Prof. Por quê o cometa Ison era tão baladado? Ele poderia cair aqui na Terra?

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    Respostas
    1. Oi André.
      Apesar dele passar bem perto da Terra, já sabíamos que ele não poderia atingir nosso planeta.
      Como falo no texto, ele era tão badalado pois seria muito brilhante no céu, e poderia ser visto de qualquer lugar do planeta, simplesmente Olhando para o céu!
      Obrigado por sua pergunta!
      Continue assim!

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