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segunda-feira, 30 de março de 2020

Um jogo para aprender astronomia

Que tal aprender astronomia brincando? Esta é a proposta do jogo de tabuleiro "Explorando o Espaço", desenvolvido pela pesquisadora Vanessa Simões, mestranda do Programa de Pós Graduação em Formação Científica e Tecnológica na UTFPR (PPGFCET/UTFPR).

Sua iniciativa foi reconhecida e premiada pela União Astronômica Internacional!

Divulgo nessa publicação os detalhes dessa premiação e uma breve entrevista com a autora, a quem parabenizo pela iniciativa e espero por um contato pessoal em breve !!  :)


Fiquei muito feliz ao saber do jogo e da premiação através de reportagem divulgada no portal da UTFPR, em fevereiro de 2020.

Vanessa criou um jogo de tabuleiro que simula as órbitas dos planetas em que cada aluno recebe uma nave espacial para explorar o sistema solar (na foto acima).  O objetivo do jogo é encontrar todas as informações descritas na missão e voltar à Terra sem que nenhuma nave tenha ficado sem combustível.
Vanessa e eu temos algumas semelhanças: somos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, mestres em Ensino de Ciências pelo PPGFCET/UTFPR (minha dissertação), e orientados pelo prof. Marcos Florczack, a quem agradeço pelos incentivos e oportunidades que sempre proporciona a seus alunos!

Assim que soube de sua história, entrei em contato com a Vanessa para conhecer mais sobre o jogo. Até agora, não tivemos a oportunidade de nos conhecer pessoalmente, mas espero em breve poder experimentar a proposta que desenvolveu com meus pequenos astrônomos também!

Procurando saber mais, encontrei a entrevista a seguir, que foi publicada no blog FalaMana, na semana passada, na qual Vanessa fala sobre o jogo, sua experiência e espectativas: 

 ** 

Fala, Mana! Um jogo para aprender astronomia
(replicado do blog Falamana com autorização das autoras) 

Todas nós já sabemos que os jogos de tabuleiro nos ensinam muitas coisas. Pensamento estratégico, estímulo à criatividade, espírito saudavelmente competitivo, cooperatividade, apenas para citar algumas habilidades trabalhadas nas jogatinas. Quem joga sabe desse potencial dos jogos, mas não é sempre que somos compreendidas por pessoas de fora do meio ao dizer que é possível aliar diversão a desenvolvimento intelectual. 


A pesquisadora Vanessa Simões, da UTFPR, conseguiu transpor essa barreira de uma visão pré-concebida de como deveria ser uma aula. Com o objetivo de engajar seus alunos, que têm entre 9 e 10 anos, ela criou um jogo para falar sobre um assunto complexo e fascinante: astronomia. A inciativa foi a vencedora do projeto da International Astronomical Union (IAU), na categoria Prêmio de Evento Mais Inovador. Vem conhecer mais sobre o projeto inovador do jogo didático “Explorando o Espaço”. 

Como surgiu a ideia de ensinar astronomia por meio de um jogo de tabuleiro?

Atuo como professora de ciência em uma escola pública da cidade que moro e um dos conteúdos que precisamos ensinar é astronomia. Além disso, sou mestranda do Programa de Pós Graduação em Formação Científica e Tecnológica na UTFPR e minha dissertação é sobre jogos no ensino da Astronomia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Unindo a profissão e a minha pesquisa, senti a necessidade de criar um jogo para ensinar astronomia, tornando o aprendizado dessa ciência abstrata, mais concreta e lúdica para os alunos de 9 e 10 anos, idades com as quais trabalho.

Você sempre gostou de jogos de tabuleiro? Quais jogos jogava na sua infância e com quem?

Sim, sempre gostei. Eu jogava muitos jogos de vídeo game ou aqueles jogos de raciocínio lógico, possíveis de se jogar sozinho, como o resta 1. Até que uma amiga me apresentou aos jogos de tabuleiro modernos e me apaixonei. Costumo jogar Carcassonne, Ticket to Ride, Fotossíntese, Seven Wonders, Azul, Sushi Go, Timeline. Outros joguei uma única vez como Dixit, Catan, Ilha Perdida Pandemic e Bomb Squad.

Poderia explicar um pouco como funciona o seu jogo? 
O jogo é cooperativo para até 6 jogadores, seu tabuleiro simula as órbitas dos planetas e cada jogador recebe uma nave espacial para explorar o Sistema Solar. No início do jogo, o grupo sorteia uma missão que consiste em buscar informações diversas em outros planetas.

Cada jogador recebe uma quantidade de “combustível” para poder se locomover no tabuleiro, durante o jogo. Quando o jogador chega no planeta desejado, ele vira uma das seis cartas daquele planeta para ver se é a informação desejada. Se for, um dos objetivos foi concluído, se não, ele ou outros jogadores terão que passar de volta no planeta para encontrar a informação.

O desafio do jogo está na gestão do combustível e na busca pelas informações desejadas.

Como foi a parte de criação? Pensou sozinha nas mecânicas e na arte? Fez alguns testes antes de “lançar” para os alunos?


Em 2019, devido a temática da minha dissertação de mestrado ser sobre jogos para o ensino de astronomia, comecei a pesquisar bastante sobre o assunto. Com isso, busquei a Jogarta, uma associação que tem como uma de suas propostas levar atividades envolvendo jogos para um público em fase escolar.

Essa associação disponibilizou um curso de produção de jogos de tabuleiro e foi neste curso que desenvolvi o meu jogo. A partir de um estudo breve sobre design de jogos, meus conhecimentos e experiências didático-pedagógicas e de conhecimentos científicos sobre astronomia


Prototipei o jogo com apoio do Rafael Lodi, professor do curso de criação de jogos da Jogarta. E também recebi algumas orientações de conhecimentos sobre astronomia com o meu orientador Dr. Marcos Florczak.

Para criar o jogo, me referenciei nas mecânicas de outros jogos, tentando ao máximo representar conceitos reais da astronomia, pois um dos meus objetivos era que o jogo fosse didático.

Após a produção dos primeiros protótipos, apliquei o jogo com meus alunos, avisando que era somente um protótipo e que estava em fase de teste. A participação dos alunos foi fundamental, eles trouxeram sugestões de outros elementos que poderíamos colocar ou modificar no jogo, além disso, enquanto professora, pude observar a dinâmica do jogo com um olhar pedagógico, observando se o jogo atendia ao meu objetivo de desenvolver as características dos astros do sistema solar.

Como foi recepção dos estudantes?

Eles simplesmente amaram! Houve um grande interesse pelo jogo, por ser um jogo cooperativo, percebi que a interação foi maior entre eles, precisando conversar entre si e tomar decisões em conjunto. Foi realmente muito produtivo.

Pretende fazer expansão? Pretende fazer outros jogos?

Gostaria muito de fazer a expansão desse jogo no futuro, desenvolvendo outros aspectos sobre astronomia por meio dele. E pretendo produzir outros jogos, tanto sobre astronomia como em outras temáticas que envolvam o conhecimento em ciências.

Como você vê a participação da mulher na ciência e, mais especificamente, na sua área?


A área da educação é composta majoritariamente pelo público feminino, principalmente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Esse número expressivo de mulheres na educação nos mostra que a mulher tem conquistado cada vez mais o seu espaço, buscando formações acadêmicas, adentrando no mercado de trabalho e evoluindo cada vez mais. Há professoras produzindo pesquisas de grande valia para a educação e desenvolvendo projetos cada vez mais inovadores com os seus alunos, propiciando uma grande evolução na educação brasileira.

Quanto à presença feminina na ciência, o programa de mestrado da qual sou aluna possui uma boa diversidade quanto ao gênero dos pós-graduandos, como também nas áreas que atuam, havendo professores com diferentes formações.

Mas, embora tenhamos avançado em alguns aspectos da participação feminina na educação e na ciência, ainda temos um longo caminho a trilhar. Infelizmente esse número expressivo de mulheres na educação infantil e nos anos iniciais denota que culturalmente ainda se tem a visão da professora como “cuidadora”, aquela que a criança é aos seus cuidados e não a sua formação.

Há ainda uma depreciação do curso de pedagogia pela sociedade, sendo pouco valorizado e não visto como uma ciência humana que estuda a desenvolvimento cognitivo, psicológico e social da criança. Uma profissão vista pelo “Amor” e não por suas extensas pesquisas e desenvolvimento infantil.

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Como prêmio, Vanessa receberá materiais para trabalhar o ensino da astronomia com os alunos.

“Só tenho a agradecer as várias pessoas que tem caminhado comigo nessa vida de estudos do ensino da astronomia nos anos iniciais, principalmente meus alunos que embarcam nas minhas loucuras pedagógicas. Só o fato de terem gostado do meu trabalho, já fico feliz, me mostra que estou no caminho certo”, completa Vanessa da Silva.


PARABENS Vanessa por essa iniciativa e dedicação! 

Este é o link para a dissertação e produto dela

Fontes:

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