Ao longo dos dois últimos anos falei sobre vários momentos históricos que vivenciamos, mas nada se compara com esse anúncio: a detecção das ondas gravitacionais!
Previstas pela Teoria da Relatividade por Albert Einstein a 100 anos atrás, foi nessa semana que uma equipe com mais de 1000 pesquisadores espalhados pelo mundo anunciaram com grande euforia a tão esperada constatação das ondas gravitacionais.
Nada se compara com esse momento que vivemos! Entenda o que essa descoberta representa.
O que são ondas gravitacionais
Em 1916, Albert Einstein propôs em sua Teoria Geral da Relatividade que todos os corpos causariam uma interferência na trama do espaço-tempo que se propagariam pelo espaço como uma onda. Batizou esse fenômeno até então teórico de ondas gravitacionais.
Desde então cientistas estavam a caça desse fenômeno que nessa semana foi anunciado como verídico! E Einstein mais uma vez demostrou estar certo!
As vibrações que propagam-se pelo universo através da trama do espaço-tempo são muito tênues, e se aproximam da frequência de ondas sonoras agudas. Foi esse sinal, um som originado da colisão de dois buracos negros muito distantes, que forneceu as pistas para a detecção deste fenômeno.
A descoberta
Os cientistas foram capazes de provar a existência de ondas gravitacionais a partir da detecção das ondas oriundas de uma colisão entre dois buracos negros - objetos extraordinariamente densos cuja existência também foi prevista por Einstein - de 30 vezes a massa do Sol, ocorrida a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. A animação abaixo ilustra esse evento:
As ondas ao atingirem a Terra causam uma leve distorção da trama do espaço-tempo, da mesma forma que as tramas de um tecido, como o lençol de sua cama, sofrem ao colocar algum objeto sobre ele. A animação abaixo ilustra essa situação:
O sinal interpretado como um som agudo causou grande comoção na equipe envolvida, que contou com a colaboração de mais de 1.000 cientistas espalhados pelo planeta, e dois pesquisadores paulistas.
Para detectar essa onda foi utilizado um dispositivo muito sensível - o LIGO, dispositivo que utiliza técnicas de interferometria para medir as pequeníssimas variações do espaço-tempo.
O LIGO é capaz de detectar o "atraso" na recepção de feixes de laser, que percorrem um longo trajeto, batem em um anteparo e voltam à sua fontes, após serem separados assim que emitidos. Confira na animação abaixo como a régua mais sensível que já construímos funciona:
Dois instrumentos desses foram instalados separados por mais de 3mil KM de distância: um na cidade de Hanford e outro em Livingston nos Estados Unidos.
Segundo, David Reitze, diretor do observatório responsável pela descoberta: “Estas ondas gravitacionais foram produzidas por dois buracos negros em colisão que se fundiram para formar um único buraco negro há mil e trezentos milhões de anos. Elas foram detetadas pelo LIGO, o Observatório de Interferometria Laser de Ondas Gravitacionais, trata-se do aparelho de medida mais preciso alguma vez construído”.
Segundo um dos engenheiros da missão, o português José Mendes: “Esta descoberta vai permitir-nos construir uma nova geração de veículos espaciais capazes de detetar as ondas gravitacionais, investigar os sinais, assim como a fonte destes sinais, permitindo explorar o universo de diferentes formas”.
Possibilidades
Os cientistas desconhecem o que podem ser feito com essa descoberta, mas é unânime que tal conhecimento abre uma nova janela para a compreensão do universo.
“Hertz confirmou a existência de ondas eletromagnéticas, mas não tinha a menor ideia para que serviriam (...) Hoje em dia, nós temos a televisão, o rádio, o celular (...) uma coisa semelhante pode acontecer com as ondas gravitacionais", diz o pesquisador do Inpe, Odílio de Aguiar.
Para quem gosta de sonhar alto, os pesquisadores garantem que o mundo está muito mais perto de proporcionar experiências que só eram vistas no cinema!
Dentre possibilidades a tão sonhada viagem no tempo! Lembra do filme "De Volta para o Futuro"?
Ou ainda criar novos tipos de naves espaciais, capazes de surfar pelas ondas gravitacionais, como a tecnologia de dobra espacial de Jornada nas Estrelas, levando a humanidade "audaciosamente aonde ninguém jamais esteve"...
"Eu diria que isso está, pelo menos, a cem anos da gente, a cem anos na frente. Acho que de alguma forma a gente vai chegar lá", diz o pesquisador do Inpe.
Difícil !?!?!?!
Apesar de ser perseguido pela comunidade científica há 100 anos, a sociedade ainda levará tempo para compreender essa descoberta... Nesse sentido, compartilho o relato do apresentador Ricardo Boechat da Band News FM que resume bem o que muitos sentem sobre o fato:
A notícia apresentada na rádio foi: "A existência de ondas gravitacionais no universo mostra que parte do mundo funciona". Ouça o hilário comentário dele:
Realmente, é um tema complexo para ser simplificado e massificado... Nessa difícil arte que nós professores temos em mãos - a transposição didática - muitos erros ocorrem... Por isso quanto mais contato com as informações, mais completa torna-se nosso entendimento. Assim, compartilho abaixo outros vídeos sobre o tema:
Fonte: EUroNews
Fonte: BandNewsTV
Resumindo... ENTENDA AS ONDAS GRAVITACIONAIS EM 7 PASSOS
Se isso é de alguma forma possível, destaco abaixo os principais pontos que devem ser compreendidos referente a esse fato:
1) Na teoria da Relatividade de Einstein, o espaço e o tempo estão entrelaçados, formando uma coisa só: o espaço-tempo.
2) O espaço-tempo, para a Relatividade, não é uma entidade fixa, mas maleável, como a superfície de um lago ou a de um tecido esticado.
3) Quando um astro de grande massa se move pela trama do espaço, sua gravidade cria ondas no espaço-tempo, da mesma forma que um barco ao navegar cria ondas na água.
4) Essas ondas gravitacionais, porém, são minúsculas, com milionésimos de milionésimos de milímetros.
5) O Ligo, um experimento engenhoso nos EUA, foi capaz de capturar pela primeira vez a oscilação da trama do espaço-tempo criada por ondas gravitacionais.
6) A fonte das ondas detectadas pelo experimento eram dois buracos negros que giravam em torno um do outro e colidiram a milhões de anos atrás.
7) A descoberta é importante porque consolida a teoria de Einstein e porque astrônomos podem agora estudar alguns fenômenos que não são visíveis pela luz.
Fontes:
Ciência Hoje, G1, ElPais, SPACE( link1, link2, link3)
Fábio, aqui é o rafael e o rodrigo do 9º ano A. Como nós podemos fazer um mini modelo do LIGO?
ResponderExcluirFábio, sou seu aluno do 9°ano e quero saber se existe algum jeito de fazer um mini-modelo Ligo para o trabalho de ondas gravitacionais, poderia me ajudar?
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