As notícias inéditas de que a verdadeira cor de planetas distantes foram "registradas" pela primeira vez na história circularam pela mídia durante esse mês. Eu aproveitei a ocasião para explorar a criatividade e imaginação de meus pequenos astrônomos: cada um pintou um planeta que possa existir por ai... Ao lado está parte dessa turminha durante o trabalho.
Acreditem: algumas dessas pinturas podem muito bem revelar a "cara" de planetas que serão descobertos em breve!
Escrevemos também uma carta para o nosso amigo extraterrestre que mora em algum desses planetas, para quem sabe, conhecer melhor esses mundos...
Divulgo nesse post o trabalho feito por eles, e aproveito para explicar detalhes sobre a "cor real" dos planetas que foi veiculado pela mídia.
Sobre a cor dos planetas
A ideia de encontrar novos mundos fazia parte ha tempos do imaginário de astrônomos e das histórias de ficção. Foi em 2007 que detectou-se pela primeira vez planetas orbitando outras estrelas. Como a probabilidade de haver um outro planeta Terra por ai era grande, isso passou a ser a meta para equipes de astrônomos que caçam planetas ao redor das estrelas.
Nos últimos 5 anos centenas de planetas foram detectados orbitando várias estrelas diferentes. Alguns fazem parte de sistemas planetários como o nosso, com 8, 9 e até mais planetas ao redor de suas estrelas.
Sempre que uma notícias sobre a descoberta de novos planetas é veiculada, ilustrações como essas ao lado são feitas para tentar representar como esse novo mundo pode parecer... Na imagem estão representados os 5 exoplanetas descobertos até agora com maior possibilidade de abrigar vida - são quase fotos reais não? (clique na imagem para amplia-la e conhecer alguns detalhes desses mundos - apesar do texto estar em inglês, é fácil de entender suas características). DICA: Quer conhecer outras Terras? Veja esse link do UOL para saber mais.
Didaticamente falando, imagens como essa geram um problema grave: as pessoas são iludidas, e acham que o planeta em questão realmente é da forma que a imagem ilustra (ou seja, que a ilustração é uma foto real) - saiba desde já que não temos a menor ideia de como outros mundos em outros sistemas solares (os chamados exoplanetas) podem parecer de verdade!
O motivo é simples: o exoplaneta mais próximo de nós esta a (apenas) 24 anos-luz. Isso significa que uma fotografia nos termos "normais", que estamos acostumados, é inviável... Sendo assim, só podemos mesmo imaginar como esses mundos se parecem de acordo com os dados de tamanho, órbita e (...) temperatura que os potentes telescópios que dispomos atualmente conseguem nos revelar mediante a análise da luz refletida por esses objetos.
Foi esse o caso do planeta HD 189733b, situado a 63 anos-luz na constelação da raposa. Os dados captados pelo telescópio orbital Hubble indicaram que sua atmosfera reflete (provavelmente) um azul cobalto. A ilustração desse planeta revela uma grande semelhança com a Terra, mas que acaba por ai: o planeta é um gigante gasoso quente, 15% maior que Júpiter, com grande concentração de silicatos numa atmosfera com ventos violentíssimos. Sua temperatura é próxima dos 1000ºC e por isso lá chove vidro (silicatos derretidos)!
Olha a foto...
As cores dos exoplaneta divulgadas não são fotografias; são indícios indiretos, detectadas por vários métodos diferentes. O mais comum é analisar o albedo (a luz "refletida") do planeta durante o dia e a noite (como do nosso ponto de vista o planeta consegue passar por trás de sua estrela, compara-se a luz proveniente do planeta e de sua estrela antes dele passar por trás dela, durante a passagem e ao sair). No caso do planeta azul acima, os sensores indicaram que uma parte da componente da luz azul detectada diminuia quando o planeta era ocultado por sua estrela. Daí, deduziu-se que a cor do planeta era azul.
Uma outra técnica foi utilizada na "descoberta" do planeta cor-de-rosa GJ 504, localizado a 57 anos-luz, orbitando uma estrela pouco visível a olho nu na constelação de Virgem. Trata-se de um gigante gasoso, do tamanho de Júpiter e 4x mais massivo, que está ainda em processo de formação: os 237ºC de sua superfície indicam que é um jovem planeta, com idade estimada em apenas 160 milhões de anos (a Terra possui 4,3 bilhões de anos pelo menos...). Acima, a imagem que foi veiculada pela NASA. Sua cor foi detectada pelo método de imageamento direto, que é parecido ("didaticamente falando") com as observações que fazemos do céu: as poderosas lentes do telescópio Subaru, no Havai, foram direcionadas para o planeta e analisaram sua luz na faixa do infravemelho próximo (comprimento de onda de luz próximo do limite do visível). Esse método revela informações sobre luminosidade, temperatura, atmosfera e órbita, mas é dificultado pelo tênue albedo ("fraca luz" refletida) do planeta.
A título de curiosidade didática, recomendo assistir a notícia veiculada no Bom dia Brasil sobre esse planeta... (só não vai rir como a apresentadora..). Clique aqui para ver. Dá para ver como notícias assim são tratadas pela mídia em geral? (leia as reportagens da Veja e da Istoe e compare a linguagem e a informação veiculada) .
(ATUALIZADO) Logo depois que falei desses planetas, a notícia da descoberta de um novo planeta do tamanho da Terra foi divulgada. Ele orbita a estrela Kepler-78 , a uma incrível distância de apenas três vez o raio de seu Sol - isso eleva a temperatura da sua superfície para incríveis 2.760ºC! Por isso é muito provável que esse planeta não tenha superfície sólida, e seja tomado por um grande oceano de lava! Ao lado, uma ilustração de mundo incrivelmente quente.
Batizado de Kepler-78B, ele foi detectado pela luz emitida pelo próprio planeta - foi a primeira vez que os pesquisadores conseguiram utilizar essa técnica para detectar um planeta tão pequeno... Devido a sua proximidade com a estrela, o ano lá (tempo de sua translação) é de apenas 8,5h!!
Acreditem: algumas dessas pinturas podem muito bem revelar a "cara" de planetas que serão descobertos em breve!
Escrevemos também uma carta para o nosso amigo extraterrestre que mora em algum desses planetas, para quem sabe, conhecer melhor esses mundos...
Divulgo nesse post o trabalho feito por eles, e aproveito para explicar detalhes sobre a "cor real" dos planetas que foi veiculado pela mídia.
Sobre a cor dos planetas
A ideia de encontrar novos mundos fazia parte ha tempos do imaginário de astrônomos e das histórias de ficção. Foi em 2007 que detectou-se pela primeira vez planetas orbitando outras estrelas. Como a probabilidade de haver um outro planeta Terra por ai era grande, isso passou a ser a meta para equipes de astrônomos que caçam planetas ao redor das estrelas.
Nos últimos 5 anos centenas de planetas foram detectados orbitando várias estrelas diferentes. Alguns fazem parte de sistemas planetários como o nosso, com 8, 9 e até mais planetas ao redor de suas estrelas.
Sempre que uma notícias sobre a descoberta de novos planetas é veiculada, ilustrações como essas ao lado são feitas para tentar representar como esse novo mundo pode parecer... Na imagem estão representados os 5 exoplanetas descobertos até agora com maior possibilidade de abrigar vida - são quase fotos reais não? (clique na imagem para amplia-la e conhecer alguns detalhes desses mundos - apesar do texto estar em inglês, é fácil de entender suas características). DICA: Quer conhecer outras Terras? Veja esse link do UOL para saber mais.
Didaticamente falando, imagens como essa geram um problema grave: as pessoas são iludidas, e acham que o planeta em questão realmente é da forma que a imagem ilustra (ou seja, que a ilustração é uma foto real) - saiba desde já que não temos a menor ideia de como outros mundos em outros sistemas solares (os chamados exoplanetas) podem parecer de verdade!
O motivo é simples: o exoplaneta mais próximo de nós esta a (apenas) 24 anos-luz. Isso significa que uma fotografia nos termos "normais", que estamos acostumados, é inviável... Sendo assim, só podemos mesmo imaginar como esses mundos se parecem de acordo com os dados de tamanho, órbita e (...) temperatura que os potentes telescópios que dispomos atualmente conseguem nos revelar mediante a análise da luz refletida por esses objetos.
Foi esse o caso do planeta HD 189733b, situado a 63 anos-luz na constelação da raposa. Os dados captados pelo telescópio orbital Hubble indicaram que sua atmosfera reflete (provavelmente) um azul cobalto. A ilustração desse planeta revela uma grande semelhança com a Terra, mas que acaba por ai: o planeta é um gigante gasoso quente, 15% maior que Júpiter, com grande concentração de silicatos numa atmosfera com ventos violentíssimos. Sua temperatura é próxima dos 1000ºC e por isso lá chove vidro (silicatos derretidos)!
Olha a foto...
As cores dos exoplaneta divulgadas não são fotografias; são indícios indiretos, detectadas por vários métodos diferentes. O mais comum é analisar o albedo (a luz "refletida") do planeta durante o dia e a noite (como do nosso ponto de vista o planeta consegue passar por trás de sua estrela, compara-se a luz proveniente do planeta e de sua estrela antes dele passar por trás dela, durante a passagem e ao sair). No caso do planeta azul acima, os sensores indicaram que uma parte da componente da luz azul detectada diminuia quando o planeta era ocultado por sua estrela. Daí, deduziu-se que a cor do planeta era azul.
Uma outra técnica foi utilizada na "descoberta" do planeta cor-de-rosa GJ 504, localizado a 57 anos-luz, orbitando uma estrela pouco visível a olho nu na constelação de Virgem. Trata-se de um gigante gasoso, do tamanho de Júpiter e 4x mais massivo, que está ainda em processo de formação: os 237ºC de sua superfície indicam que é um jovem planeta, com idade estimada em apenas 160 milhões de anos (a Terra possui 4,3 bilhões de anos pelo menos...). Acima, a imagem que foi veiculada pela NASA. Sua cor foi detectada pelo método de imageamento direto, que é parecido ("didaticamente falando") com as observações que fazemos do céu: as poderosas lentes do telescópio Subaru, no Havai, foram direcionadas para o planeta e analisaram sua luz na faixa do infravemelho próximo (comprimento de onda de luz próximo do limite do visível). Esse método revela informações sobre luminosidade, temperatura, atmosfera e órbita, mas é dificultado pelo tênue albedo ("fraca luz" refletida) do planeta.
A título de curiosidade didática, recomendo assistir a notícia veiculada no Bom dia Brasil sobre esse planeta... (só não vai rir como a apresentadora..). Clique aqui para ver. Dá para ver como notícias assim são tratadas pela mídia em geral? (leia as reportagens da Veja e da Istoe e compare a linguagem e a informação veiculada) .
(ATUALIZADO) Logo depois que falei desses planetas, a notícia da descoberta de um novo planeta do tamanho da Terra foi divulgada. Ele orbita a estrela Kepler-78 , a uma incrível distância de apenas três vez o raio de seu Sol - isso eleva a temperatura da sua superfície para incríveis 2.760ºC! Por isso é muito provável que esse planeta não tenha superfície sólida, e seja tomado por um grande oceano de lava! Ao lado, uma ilustração de mundo incrivelmente quente.
Batizado de Kepler-78B, ele foi detectado pela luz emitida pelo próprio planeta - foi a primeira vez que os pesquisadores conseguiram utilizar essa técnica para detectar um planeta tão pequeno... Devido a sua proximidade com a estrela, o ano lá (tempo de sua translação) é de apenas 8,5h!!
Planetas como esses que descrevi acima estão muito longe para serem fotografados. Para conseguir fotos, precisamos estar mais perto... Desde os anos 70, sondas são enviadas aos planetas de nosso sistema solar para medirem várias características e principalmente tirar fotos! As primeiras fotos coloridas de nossos vizinhos planetários foram obtidas nos inicio dos anos 80. Tais imagens ilustram vários livros e sites por ai a fora, e são aquelas que você está imaginando...
Sabendo disso...
Foi estudando a existência de outros planetas fora do sistema solar (e por isso chamado de exoplanetas), que meus pequenos e criativos astrônomos pintaram um planetinha. Sem conhecerem os detalhes sobre as cores dos planetas, pintaram algumas obras de arte que acredito serem muito próximas das futuras imagens de outros mundos reais que serão divulgadas. A atividade durou duas aulas, e todos participaram intensamente. Vários vinham me pedir dicas sobre suas pinturas, e até para incluir anéis e luas... Divulgo abaixo algumas fotos da atividade:
Caro amigo extraterrestre:
Assim foi fácil aceitar a ideia que muitos adultos ainda relutam a acreditar: da existência de outros planetas orbitando outras estrelas. Comparando os sistemas planetários descobertos com o nosso, é difícil não pensar se nesses outros mundos pode haver alguém olhando para nós da mesma forma que olhamos para eles...
Com a ideia de explorar essa possibilidade, pedi a meus alunos para escrevem para um eventual extraterrestre - eles adoraram a ideia de terem um amigo ET! Além de falarem um pouco sobre eles e o que gostam de fazer, também indagaram nas cartinhas perguntas do tipo como é o seu planeta, que outros seres o habitam, se eles conhecem a Terra...
Se você acha que isso é besteira, uma mensagem desse tipo foi enviada rumo as fronteiras do sistema solar junto com as sondas Voyagers, lançadas em 1973, como mostrei a eles em outra aula. Pense um pouco: qual o interesse de cientistas fazerem isso??. Estima-se que a vida possa existir em 60 bilhões de exoplanetas de nossa galáxia - leia essa reportagem.
As cartas foram enviadas a alguns planetas, utilizando serviços de entregas expressas, como o "martex" e o "Alien Express" e estamos no aguardo de respostas... incrível como alguns alunos já conheciam esses serviços de entrega (rsrsrs). Por hora, estamos só imaginando quem as responderá e que tipo de informações elas revelarão...
Aguardem pela mostra de ciências da escola para conhecer de perto esse trabalho!
Fontes para essa publicação:
Ciencetec, Folha, NASA, Terra, UOL, NASA, UniverseToday, Space, Terra
Post interessante!!achei muito legal quando fizemos essa atividade!!!!!!
ResponderExcluirpost legal!!!!!achei legal quando fizemos essa atividade!!!
ResponderExcluiroi fabiooooo ,adorei as fotos
ResponderExcluirpodiamos fazer mais coisas legais como essa
O que é um ônibus espacial
ResponderExcluirBruna, 5º ANO B