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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Junho é o mês das mulheres - no espaço!

Junho pode ser considerado o mês das mulheres na história da exploração espacial.  Nesse ano, o mês de junho celebra dois momentos históricos de conquistas femininas: os 50 anos da primeira mulher a ir para o espaço - a russa Valentina Tereshkova -, e os 30 anos da primeira norte americana a completar esse vôo -  Sally K. Ride (na foto ao lado).

Aproveitando o momento, a NASA divulgou uma lista com 8 novos astronautas, sendo 4 deles mulheres.

Esse é um post para incentivar e estimular as jovens estrelinhas que sempre encontro em minhas as aulas, e registrar mais uma vez que a astronomia e a ciência em geral também são feitas pelas mulheres - e que esse interesse começa desde cedo, na escola! 

Vamos celebrar a conquista do espaço das mulheres!

A pioneira
Ao lado está a foto da primeira mulher a desbravar o espaço: é a russa Valentina Tereshkova, que no dia 16 de junho de 1963, às 12h30 (hora de Moscou), iniciava sua jornada em torno de nosso planeta. Com seus 26 anos na época, ela completou 48 órbitas ao redor de nosso planeta solitariamente dentro da nave russa Vostok 6.  Valentina tornava-se assim a primeira mulher a ir para o espaço e continua a ser até hoje a única cosmonauta da história a ir ao espaço sem ser acompanhada por outros cosmonautas.  (cosmonauta é o nome dado aos astronautas russos).

Ela nasceu em 6 de março de 1937, numa família simples, de agricultores, na cidade de Yaroslavl, a norte de Moscou. Seu pai dirigia trator e sua mãe trabalhava numa plantação textil. Devido a dificuldades financeiras de sua família, ela teve que deixar a escola aos 17 anos para trabalhar para auxiliar sua família. Contudo, Tereshkova nunca deixou de estudar - ela concluiu seus estudos através de cursos por correspondência. 

Ela ingressou no programa espacial russo pois ela era uma ótima piloto e paraquedista. Tais habilidades foram adquiridas durante seus cursos de pilotagem no aeroclube de sua cidade. Na verdade, a habilidade que mais despertou o interesse do programa espacial era a de paraquedista, uma vez que a nave Vostok 6 era totalmente automatizada (ou seja, não podia ser pilotada). Acho que dá para entender o porque desse interesse ne?

No dia 16 de junho desse ano, a Russia preparou uma gande festa para comemorar os 50 anos de sua conquista. Vários eventos comemorativos dedicados ao emblemático voo ocorreram em diferentes cidades russas, em particular, em Yaroslavl, onde Valentina viveu mais de 20 anos antes de se transformar em uma lenda.   Ela inaugurou até uma calçada da fama junto com outros cosmonautas em sua cidade natal. Ao lado está o selo comemorativo feito para celebrar essa data.

Ao falar sobre seu feito, certa vez afirmou que tinha alcançado seu sonho de infância, que era o de voar no espaço: "qualquer um que passe um tempo no espaço irá amar isso para o resto de suas vidas!". "Ainda tenho sonhos sobre aquela viagem ao espaço", confessou Valentina durante uma entrevista coletiva na delegação da ONU em Viena onde vários cientistas e diplomatas se reuniram para prestar homenagem à cosmonauta, felicitada também pessoalmente pelo presidente russo, Vladimir Putin.

Pelos seus grandes feitos, ela foi condecorada no passado com dois prêmios da  Ordem de Lenin, um reconhecimento heroico da União Soviética.

Abaixo está a primeira capa do jornal NY Times que divulgou a grande conquista russa. Na época, isso foi visto com grande preocupação pelos norte americanos, pois a russia parecia avançar silenciosamente rumo ao espaço num ritmo muito superior aos americanos. 


Ao lado, está a foto de Valentina saindo da nave Vostok 6. Destaco uma frase que a cosmonauta disse certa vez: "Se mulheres podem trabalhar na construção de ferrovias (algo comum em seu país na época), por que não podem ir ao espaço?" Essa é a frase que está escrita sobre a imagem ao lado (em inglês).  Foi por causa de mulheres inovadoras como ela que agora muitas mulheres pelo mundo também podem conquistar seus espaços!

Apesar de seus grandes feitos, ela nunca mais voou. Depois dela, a Russia esperou 19 anos para colocar outra mulher em órbita. Mas ela continuou ativa: Valentina foi membro de vários conselhos pelo mundo, destacando o Concelho Mundial de Paz em 1966 e a Conferência Mundial da Mulher, de 1974 na Cidade do México.

Um fato curioso sobre a história dela, é que ela se casou com um cosmonatua Andrian Nikolayev e sua filha Elena foi a primeira criança que nasceu de pais que foram (ambos) expostos ao espaço. (só para registrar, ela é uma pessoa "normal" como você e eu...)

Para saber mais sobre a história dessa heroina russa, recomendo a visita a esse site e da página do portal SPACE dedicada ela (ambos em inglês).


A primeira norte americana
Foi 20 anos (e 2 dias) após os russos que os norte americanos enviaram sua primeira mulher ao espaço: a astronauta Sally K. Ride, com seus 32 anos na época, decolou a bordo do ônibus espacial Challenger na missão STS-7, no dia 18 de junho de 1983 (ha 30 anos atrás!). Ao lado, está a foto dela com seus colegas nessa missão.

Infelizmente, ela faleceu em julho de 2012, com câncer de pâncreas aos 61 anos. Sally foi um dos ícones da exploração espacial pelos Estados Unidos, e esteve no espaço por duas vezes: a segunda foi em 1984, na missão STS-41G (essa foi a primeira missão que levou 7 pessoas ao espaço).
Em 1985, Sally tinha sido chamada para mais uma missão, a STS 61-M, mas o treinamento foi interrompido um ano depois devido a explosão da Challenger durante a decolagem. Mesmo assim, continuou a fazer parte do projeto, participando da comissão que investigou a tragédia. Após a conclusão, ela foi designada para a sede da Nasa como assistente especial para planejamento estratégico de longo prazo. Lá, ela se tornou a primeira diretora do Escritório de Exploração da Nasa.

Em 1987 deixou a Nasa para integrar o Centro para Segurança e Controle de Armas na Universidade de Stanford. Dois anos depois, passou a dar aulas de física na Universidade da Califórnia e se tornou diretora do instituto espacial da instituição. Encontrei na internet vários depoimentos de ex-alunos, que registraram o quanto ela era querida. Em 2001, ela fundou a própria companhia de pesquisa científica, a Sally Ride Science, que promove vários eventos pelos Estados Unidos em prol da divulgação científica.

Sua formação em Física foi uma das coisa que despertou seu interesse pelo espaço. Foi durante a conclusão dos estudos de seu Ph.D na Universidade de Stanford que ela viu um anúncio em um jornal estudantil afirmando que a Nasa procurava por astronautas. Até então, os astronautas eram pilotos de teste e militares, todos homens. Na época, a Nasa começou a buscar cientistas e engenheiros e permitiu que mulheres se inscrevessem. Sally enviou seu currículo, junto a outras 8 mil pessoas. Desse grupo, foram escolhidos 35 astronautas, incluindo seis mulheres.  Sally foi selecionada em janeiro 1978, e fez parte da primeira equipe de astronautas femininas da NASA, registrada na foto abaixo.

O treinamento de Sally e das demais para se tornarem astronautas incluiu paraquedismo, aprender sobrevivência na água, comunicação por rádio e navegação. Ela gostou tanto do processo que ele se tornou um de seus hobbies. Durante o segundo e terceiro voo do ônibus espacial Columbia, ela trabalhou da Terra como oficial de comunicações, transmitindo mensagens do controle de missão para as tripulações. Ela fez parte, ainda, da equipe que desenvolveu o braço robótico utilizado pelas equipes dos ônibus para implantar e recuperar satélites.

Sally foi uma das mulheres da ciência que inspiraram tantas outras a seguir pelos caminhos do conhecimento, rumo às estrelas...


Professoras no espaço
A China também deixou sua marca nesse mês de conquistas femininas. A astronauta chinesa Wang Yaping, de 33 anos, deu uma aula a bordo da nave espacial Shenzhou X, que foi retransmitida ao vivo para 60 milhões de crianças do país asiático, na primeira vez que a China fez este tipo de atividade no espaço (na foto ao lado).  

Wang, é a segunda mulher astronauta da China, e mostrou a alguns estudantes do ensino médio de seu país o funcionamento de algumas leis da Física na gravidade zero. Como uma típica professora, fez perguntas às crianças para que estes demonstrassem seus conhecimentos.

A jovem astronauta chinesa, é piloto das Forças Aéreas da China, e passa a fazer parte do seleto grupo de "professores espaciais" da história,  que infelizmente, foi iniciado com uma tragédia, pois a primeira astronauta designada para dar uma aula no espaço, a americana Christa McAuliffe, morreu no acidente da nave Challenger em 1986.

Após o acidente, outra americana - Barbara Morgan - continuou o programa dos "professores no espaço" 12 anos depois, na viagem do Endeavour em 1998. Barbara enviou uma carta de felicitação a Wang Yaping, na qual lhe desejou sucesso em sua empreitada espacial.

"Você vai estar muito ocupada lá em cima, mas reserve um tempo para olhar pela janela", disse Barbara em sua carta, enviada "em nome dos professores e estudantes de todo o mundo".



Seguindo as estrelas
Sally e Valentina deixaram a marca feminina na história da exploração espacial. A NASA fala sobre isso em uma reportagem muito bacana - recomendo a leitura (clique aqui, em inglês). Elas deixaram suas marcas para o esforço da igualdade no espaço. No aniversário de seus vôos  históricos, devemos celebrar a paixão e dedicação das mulheres que trabalharam em terra e no espaço, e que prepararam  o caminho das outras 55 mulheres que já foram ao espaço - e esse número cresce cada vez mais... Nesse link do portal SPACE você encontra fotos das primeiras mulheres de cada nação a ir para o espaço. Apesar de inglês, é um registro interessante de ver.

O Brasil ainda está muito longe de enviar sua primeira mulher ao espaço. A preparação é longa, trabalhosa e muito cara... quem sabe um dia... Como ninguem sabe o que o futuro nos reserva, é melhor vocês irem se preparando desde cedo, certo?



Fontes para essa publicação:
Portal Space, portal Terra, CNN, Portal Terra, NASA

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