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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Somos nós os marcianos ?!?!

Essa é uma das confusões que a notícia veiculada semana passada criou na cabeça de muitos, e em especial, de meus pequenos astrônomos... Eles estão antenados nas notícias de vida em outros planetas, e foi muito oportuno a veiculação de uma notícia que indicava que a vida em nosso planeta  foi "importada" de Marte.
Claro que nunca se pode ter certeza absoluta para uma questão tão complexa como essa. Porem, pesquisas indicam que a vida como conhecemos teve mais chances de se desenvolver num planeta como era Marte do que como era a Terra - essa foi a conclusão apresentada pelo bioquímico Steven Benner, que é uma das referências mundiais sobre o tema "origem da vida".

Na minha humilde opinião, eu acho que ele está certo! Pois frente a toda exploração inconsequente que realizamos em vários cantos do planeta, logo logo a Terra ficará do jeito ("que deixamos"??) Marte!


A notícia
Com mais de 4000 exoplanetas catalogados pela nossa vizinhança, a possibilidade de encontrar algum ET torna-se cada vez mais "aceitável". Por isso, o interesse pela busca de vida fora da Terra vem aumentando. Alguns pesquisadores se esforçam para localizar o outro planeta Terra que deve existir por ai... Essa busca tira de foco estudos sobre como a vida se iniciou em nosso planeta, a 3 ou 4 bilhões de anos. De acordo com o biofísico e bioquímico norte americano dr. Steven Benner, esses dois assuntos podem estar mais relacionados do que parece.

Benner (na foto ao lado) é pesquisador do centro FAME (Foundation of Applied Molecullar Evolution), e suas pesquisas sobre a origem da vida tem ganho muito respeito mundial. No dia 29/8 ele fez um anuncio na Conferência Internacional de geoquímica (Florença, Itália) que convenceu muitos dos especialistas ali presentes: a Terra primitiva seria um ambiente impróprio para que as combinações químicas corretas pudessem transformar aquela "sopa primordial" em moléculas orgânicas (base para o surgimento da "vida primitiva"). Nessa mesma época era Marte quem teria as condições exatas para "transformar uma mistura de elementos químicos em moléculas da vida". Tal combinação teria sido "arremessada" para fora do planeta vermelho com as tão comuns colisões de meteoros que ocorriam na época, cujos estilhaços acabaram alcançando a Terra e se proliferando.

Por mais fantasiosa que essa ideia possa parecer, a teoria surpreende por revelar que a vida pode existir em um ambiente seco - o que reacende a ideia de que ainda possa haver vida em Marte hoje!

(Creio que você leitor já percebeu que esse é um assunto bem complexo, cheios de "detalhes"... mas é muito interessante e vou tentar "traduzi-los"...  aguardarei comentários no final ta?).


"De onde viemos?"
Essa é uma das perguntas fundamentais da existência humana, e que intriga cientistas das mais variadas áreas do conhecimento. Ela é feita ha muito tempo, por culturas de todo o planeta e nas mais variadas formas. (em algum momento de sua vida, essa e outras perguntas "brotarão" em sua cabeça, parecendo estar enraizada lá dentro...)

Por mais simples que essa pergunta pareça, não temos uma resposta para ela - aliás, fique atento às perguntas simples pois são elas que permitem ao conhecimento científico avançar, pois geralmente, são as mais complicadas para se responder...  (acredite!).

No meu modo de entende-la, essa pergunta pode ser compreendida de (pelo menos) duas formas: como a nossa espécie (humana) surgiu em nosso planeta;  e como a vida (como um todo) se desenvolveu.  Seja qual for o seu significado, ela é muito difícil de se responder por envolver condições num momento muito remoto, cujos vestígios não passam de tênues pistas, espalhada por todo o universo - mesmo nos cantos que consideramos sem vida devemos olhar...

A ideia que a vida possa existir em outros cantos não é nova. Sendo a Terra um planeta de apenas 4 bilhões de anos, é possível considerar que a vida também se desenvolveu em outros mundos desse universo de 14 bilhões de anos. A questão é em quais condições a vida pode surgir e se desenvolver. Esse é o interesse principal da equipe de pesquisa de Benner, cujos resultados apresento a seguir.


Paradoxo da origem da Vida 
A questão chave da pesquisa aponta para dois pontos paradoxais sobre o que entendemos sobre a vida. Benner destaca que para uma mistura de minerais combinados se transforme em vida,  é necessário uma condição muito peculiar, que não existia na Terra primitiva, mas sim em Marte: ausência de água e atmosfera rica em oxigênio. 

Falta de água e muito oxigênio (???) Se você entendeu bem essa parte, deve estar se indagando como a vida pode se sustentar sem água... eis o paradoxo da pesquisa, e ao mesmo tempo, a chave para a sua compreensão! (e por isso ela é inovadora...).

Sabemos que a atmosfera de nosso planeta a 3 bilhões de anos era pobre em oxigênio - essa informação está incrustado nos "livros naturais" que contém a história de nosso planeta: as rochas.As rochas marcianas nos contam que no mesmo período, a atmosfera do planeta vermelho era repleto de oxigênio.

E por que o oxigênio é importante? Pois ele combina-se (oxida) a vários tipos de minerais, em especial, o boro e molibidênio. Quimicamente esses dois elementos são fundamentais na formação das ligações químicas mais complexas (e em especial, as que formam ligações aneladas), que está na base da formação do RNA, proteína que faz parte do processo de produção do DNA (que por sua vez, armazena todas as instruções capazes de gerar moléculas orgânicas, ou de uma forma "mais simples de entender", as instruções de como a vida funciona). Ao lado, um esquema que representa ambas estruturas e a relação entre elas. (vou deixar os detalhes didáticos disso para outro momento...).

As primeiras camadas de oxigênio a cobrir o planeta datam de 2,5 bilhões de anos atrás, e foram criadas pela respiração das primeiras cianobactérias (bactérias que habitavam os oceanos primitivos). Bactérias são seres vivos simples... sendo assim, o oxigênio só apareceu em nosso planeta depois do surgimento da vida...

Sem esses minerais oxidados (e portanto, sem uma atmosfera primitiva rica em oxigênio), esses minerais combinam-se às moléculas orgânicas, formando outras coisas, como piche ou asfalto, por exemplo - e isso não são moléculas de vida!  (apesar de terem composição química muito semelhantes).

E a água? Vida é possível sem água?  Ela é essencial para sustentar a vida sim, mas faz um estrago danado quando o RNA é exposto diretamente a ela. Benner aponta que embora houvesse água no passado de Marte, ela existia em quantidade bem menores do que em nosso planeta.

Ou seja, transferindo para Marte o local onde as primeiras moléculas do RNA se formaram, Benner parece ter resolvido alguns dos maiores desafios químicos para a origem da vida. Usando dois grupos de minerais oxidados, os boratos (boro oxidado) e os molibdatos (molibdênio oxidado), ele conseguiu impedir a tendência dos compostos orgânicos simples "virarem" piche, e fez com que as moléculas orgânicas fossem capturadas e rearranjada na estrutura similar a do RNA (na imagem acima). Além disso, provou que tais condições ocorrem com muita facilidade num ambiente desértico (ou seja, sem água).

Dessa forma, Benner demonstrou que Marte primitivo teria muito mais condições para sustentar a vida do que nosso planeta. Suas ideias nasceram da análise das rochas em solo marciano, feito pela sonda Curiosity (principalmente) que a pouco mais de 1 ano vem explorando a superfície do planeta e já coletou muitos dados que associam a existência de moléculas orgânicas e água a um passado remoto do planeta vermelho.


Panspermia
Os argumentos científicos que sustentam a ideia de que os planetas trocaram materiais durante sua formação é antiga, e comprovada!  São inúmeros os fragmentos de meteoritos encontrados em nosso planeta que vem de outros cantos de nosso sistema solar. Só de Marte temos centenas deles, alguns em exposição permanente em museus pelo mundo. Na foto ao lado está um dos mais famosos dele, o meteorito LA001 encontrado em Los Angeles, em outubro de 1999. Ele é uma rocha basaltica, mas solidificada em condições diferentes das rochas de mesmo tipo, naturais da Terra. (existem varias formas de confirmar a origem de uma rocha, e uma delas é através da orientação magnética de seus componentes, alem composição e proporção química dos elementos que a constitui. Testes assim são feitos em laboratório, com técnicas especiais. Visivelmente, não há como distingui-las, como alguns falam por ai... Por isso, nunca pague por uma rocha verde ou avermelhada que te oferecerem falando que é de outro planeta!!!).

Os indícios de um passado violento em nosso sistema solar são encontrados por todos os planetas rochosos e luas - só na nossa Lua incontáveis crateras provenientes de colisões de meteoritos são visíveis simplesmente olhando para o céu. Da mesma forma, na Terra e em outros planetas várias crateras foram formadas no passado pelo impacto de meteoros, que eventualmente, atingiram seus alvos tão violentamente que pedaços da superfície voaram pelos ares, chegando a ser arremessado para o espaço... e eventualmente, atingiram um planeta como o nosso!  De carona a esses pedaços, congeladas pelo frio do espaço e preservadas pela ausência de água nos mesmos, moléculas de vida primitiva adormecidas pode ter migrado entre os mundos - e como falei acima, essa é uma forte tendência científica que sustenta que a vida na Terra foi importada de Marte.


Consciência
Durante o congresso no qual ele divulgou suas idéias, ele afirmou: "Nada do que estou dizendo deve ser interpretado como a solução final para o problema da origem da vida". O que ele humildemente defende é que se a vida precisa de um mundo onde o RNA possa existir para que a partir dele a vida possa ser replicada, as pessoas devem então aceitar a química envolvida em sua formação - suas pesquisas apontaram que se a vida surgiu assim (a partir do RNA) simplesmente não poderia ter acontecido na Terra. "Você tem que decidir ou desistir de RNA, ou aceitar que se formou em algum lugar além da Terra".

Se a teoria estiver certa, ela fornece um brinde inesperado: se a vida evoluiu sem água, significa que ainda possa existir vida (ou pré-vida) em Marte hoje. "Ela ainda poderia estar acontecendo agora em Marte, eu acho", diz ele.
Ao que tudo indica, essa pesquisa leva-nos a crer que realmente somos nós os marcianos!
Apesar de termos 4 sondas ao redor do planeta, e 2 em superfície, a melhor forma de comprovarmos essa ideia é mandarmos pessoas para lá - semana passada encerraram-se as inscrições abertas pela NASA para uma viagem sem volta a Marte... forma mais de 200.000 inscritos pelo mundo, interessados em explorar o planeta vermelho...


Pela Mídia...

Aproveito novamente ocasiões como essa para apontar didaticamente como a mídia retrata divulgações de ciência como essa... a primeira é do Jornal hoje - só não sei qual foi a graça...

 
(fonte: Jornal Hoje, 2/9/13) 

A outra, mais "séria" foi do Jornal Nacional:
(fonte: Jornal Nacional, 2/9/13)

Compare agora a atenção que a NASA e instituições sérias divulgaram o assunto (em inglês, mas bem fácil de entender):
  



Fonte para essa publicação:
NewScientist, SmithsonianMag, DailyGalaxyTerra, Folha de São Paulo, Meteoritos de Marte (NASA), Portal Space, Astrobio,

5 comentários:

  1. oi prof.
    adorei o seu blog e as notícias
    serio que as estrelas brincam no céu?

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  2. oi, adoramos astronomia. prof vc é d+ adoramos o seu blog
    vc é muito legal

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  3. Porque a estrelas vazem barulhos.

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