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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Comida para astronauta feita à base de seus excrementos


Sim! A ideia parece repugnante, mas essa é uma nova técnica que está em desenvolvimento por equipes da NASA, em especial para missões distantes.

Divulgo essa reportagem em celebração ao dia do Astronauta, celebrado mundialmente em 9 de janeiro.

A exploração do sistema solar por humanos impõem-nos uma grande dificuldade: a da alimentação. Já temos tecnologia para nos levar a Marte e além, mas ainda não alçamos técnicas de cultivo de alimento necessário a longas jornadas: missões de longo tempo no espaço (como ir a Marte por exemplo) demanda meses de viagem, e levar comida suficiente da Terra ocupa volume da nava, o que aumenta sua massa e o custo de combustível da necessário.

Atualmente as técnicas de cultivo de alimentos que desenvolvemos consome muita energia, água e ocupa espaço valioso. Este é o caso da já bem desenvolvida hidroponia (ao lado), que cultiva plantas em meio sem solo e com luz artificial. É por isso que uma equipe de pesquisados está considerando em utilizar dejetos humano como fonte de alimento.

Comida de dejetos?
O lixo humano pode um dia ser um recurso valioso para os astronautas em missões no espaço profundo. É o que revela uma equipe de pesquisadores da Penn State, que  mostrou ser possível quebrar rapidamente resíduos sólidos e líquidos para cultivar alimentos."Nós imaginamos e testamos o conceito de tratar simultaneamente os resíduos dos astronautas com micróbios enquanto produzimos uma biomassa que é comestível direta ou indiretamente, dependendo das preocupações de segurança", disse Christopher House , professor de geociências da Penn State. "É um pouco estranho, mas o conceito seria um pouco como Marmite ou Vegemite, onde você está comendo uma gosma microbiana."


A técnica fundamenta-se no processo de bio digestão e utiliza reatores microbianos capazes de "reciclar" os dejetos e simultaneamente minimizar o crescimento de patógenos. Os testes utilizaram um resíduo artificial sólido e líquido que é comumente usado em testes de gerenciamento de resíduos. Eles criaram um sistema cilíndrico fechado de 1,2 metro de altura e 10 cm de diâmetro (ao lado) no qual micróbios selecionados digeriram os resíduos através da digestão anaeróbica, processo semelhante ao modo como os humanos digerem os alimentos.



"Digestão anaeróbica é algo que usamos freqüentemente na Terra para o tratamento de resíduos", disse House. "É uma maneira eficiente de obter massa tratada e reciclada. O que era novo sobre o nosso trabalho foi retirar os nutrientes desse fluxo e intencionalmente colocá-los em um reator microbiano para cultivar alimentos".


O design compacto da equipe foi inspirado em aquários, que usam um filtro de filme fixo para tratar o desperdício de peixe. Esses filtros usam um material de película especialmente projetado e coberto por bactérias com alta área de superfície.  "Nós usamos materiais da indústria de aquários comerciais, mas os adaptamos para a produção de metano", disse House. "Na superfície do material estão micróbios que retiram resíduos sólidos do fluxo e os convertem em ácidos graxos, que são convertidos em gás metano por um conjunto diferente de micróbios na mesma superfície."

A equipe descobriu que o metano produzido durante a digestão anaeróbica de resíduos humanos poderia ser usado para cultivar um micróbio diferente, o Methylococcus capsulatus, que é usado atualmente como alimento para animais.  Ele possui 52% de proteína e 36% de gordura, o que o torna uma fonte potencial de nutrição para os astronautas também

Como os patógenos também são uma preocupação com micróbios em crescimento em um espaço fechado e úmido, a equipe estudou maneiras de cultivar micróbios em um ambiente alcalino ou em um ambiente de alta temperatura. Eles aumentaram o pH do sistema para 11 e ficaram surpresos ao encontrar uma linhagem da bactéria Halomonas desiderata que poderia prosperar. A equipe descobriu que essa bactéria tem 15% de proteína e 7% de gordura. A 158 graus Fahrenheit, que mata a maioria dos patógenos, eles cultivaram o Thermus aquaticus comestível, que consistia de 61% de proteína e 16% de gordura.

Com o processo a equipe removeu 49% a 59% dos sólidos em 13 horas durante o teste. Isso é muito mais rápido do que o tratamento de gerenciamento de resíduos existente, o que pode levar vários dias. House disse que seu sistema ainda não está pronto para aplicação - este estudo inicial explorou os vários componentes isolados e não um sistema totalmente integrado.

"Cada componente é bastante robusto e rápido e reduz os resíduos rapidamente", disse House. "É por isso que isso pode ter potencial para um futuro voo espacial. É mais rápido do que cultivar tomates ou batatas."

Gestão de Resíduos
Hoje, astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional reciclam uma parte da água da urina, mas o processo é intensivo em energia, disse House. A gestão de resíduos sólidos tem sido um grande obstáculo. Atualmente, este é ejetado para a atmosfera da Terra, onde é queimado.

"Imagine se alguém ajustasse nosso sistema de modo que você pudesse recuperar 85% do carbono e do nitrogênio do lixo em proteína sem precisar usar hidroponia ou luz artificial", disse House. "Isso seria um desenvolvimento fantástico para as viagens no espaço profundo."

Não é a toa que há outros interessados nesse tipo de "tecnologia", como a agência espacial europeia, que desenvolve pesquisas nessa área desde 2014, e o ex dono da Microsoft, Bill Gates, que vem ha 3 anos pesquisando formas de transformar fezes em alimentos (mas essas histórias eu contarei em outro momento...)


Fonte: BBC, PSU.edu, NBC

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