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terça-feira, 29 de outubro de 2019

O conflito sobre a invenção do LASER

Você sabia que até hoje não há uma resposta definitiva para quem é o inventor do LASER?

Desde a sugestão feita por Einstein em 1917 até cientistas laureados com o Nobel, vários são os envolvidos nessa importante tecnologia.

Divulgo nessa publicação a discussão sobre autoria na ciência

A história
Amplamente utilizado atualmente, o LASER ( do inglês Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation - Amplificação de luz por emissão estimulada de radiação) é empregado em inúmeras situações, como nas cirurgias médicas, em pesquisas científicas, na holografia, nos leitores de CD e DVD como também no laser pointer utilizado para apresentação de slides. Na indústria o laser de dióxido de carbono tem sido muito utilizado, pois possibilita um processo rápido de corte e solda de materiais. 

Os fundamentos científicos para produzir o raio de luz laser foi apresentado em 1917 por Albert Einstein em uma sugestão feita durante a pesquisa "Sobre a teoria quântica da radiação".  Porém, devido a Segunda Guerra Mundial, esse conhecimento ficou esquecido, e só foi resgatado 37 anos depois, em 1953, quando cientistas conseguiram produzir o primeiro laser, ou melhor dizendo, um dispositivo bastante similar a um laser, pois ele não tinha a capacidade de emitir ondas de forma contínua. 

Apesar de não ter sido o criador do laser, Einstein leva o crédito por ter sido o cientista que descoberto a emissão estimulada  de luz.

O termo Laser foi cunhado pelo físico Gordon Gould, cientista de Nova York. Segundo seu relato, foi na noite de 13 de novembro de 1975, que a ideia do dispositivo de emissão de luz estimulada lhe veio a cabeça. Pegou um caderno e começou a esboçar equações e cálculos. Depois de intenso trabalho, ele foi a uma loja de doces, na qual o proprietário também era notário público, e pediu para selar cada uma das 9 páginas nas quais registrou seu trabalho.

O título que ele escolheu para seu trabalho "Alguns cálculos aproximados sobre a viabilidade de um LASER: amplificação de luz por emissão estimulada de radiação". A imagem abaixo é uma foto do trabalho dele. 



Agora vem a parte curiosa dessa historia: simultaneamente, também em Nova Iorque, um jovem físico de 34 anos chamado Charlos Townes pensava intensamente sobre o mesmo assunto. Ao longo de 1957 discutiu suas ideias com um colega, amigo e cunhado Arthur Schawlow (ambos na foto ao lado de 1958), que foi o responsável por encontrar a chave para fazer um laser: colocar os átomos que ele queria estimular em uma cavidade longa e estreita com espelhos refletivos para fortalecer o processo de emissão de fótons (partículas de luz), produzindo uma reação em cadeia.

Sem terem contato entre si, essa ideia foi a mesma que Gordon Gould teve!

Só que, diferentemente de Gould, Townes e Schawlow sabiam que, para patentear algo nos Estados Unidos, você não precisava efetivamente fabricar sua invenção: bastava provar que era possível fabricá-la. É ai que começa a confusão que durou 30 anos...


30 anos de disputa pela invenção
Como  Townes e Schawlow patentearam a "invenção", Gould entrou na disputa para provar que a ideia originalmente era dele. Nas décadas seguintes, indústrias inteiras foram construídas em torno do laser.


Ninguém acredita em Gould. Foram necessários 30 anos, muitas batalhas judiciais, milhões de dólares e uma luta épica com o governo dos Estado Unidos e a indústria do laser antes de alcançar o reconhecimento de uma das invenções mais revolucionárias do século 20.

Ao longo desse tempo, Townes dividiu o Prêmio Nobel de Física em 1963 com os russos Aleksandr M. Prokhorov e Nicolai G. Basov pelo desenvolvimento dessa invenção.  E em 1981 Schawlow ganhou o mesmo prêmio por seus avanços no uso de lasers.

Em 1977, 20 anos após o caderno de Gould ser registrado, o Escritório de Patentes dos EUA declarou que ele primeiro teve a primeira ideia de um tipo de laser, o que lhe dava o direito de cobrar royalties de todas as empresas que o fabricavam.

Em 1979, ele venceu outra batalha, e a decisão final veio em 1985, quando a Justiça negou provimento aos casos de reexame da patente de Gould.

Ele tinha vencido. E, embora tivesse apenas 20% dos direitos sobre suas patentes, ele se aposentou com US$ 46 milhões. 


Apesar da longa disputa, o laser rapidamente capturou a imaginação do público, talvez por causa de sua semelhança com os "raios de calor" da ficção científica. Mas as aplicações práticas levaram anos para serem desenvolvidas.

Mudanças no processo de patente
Em 2013, os Estados Unidos mudaram seu sistema de conseção de patentes: o proprietário não é mais o primeiro a inventar, mas sim a arquivar a ideia na central de patentes. Tal procedimento foi feito para evitar casos retroativos de décadas, como o de Gould.

Esse sistema já era utilizado por outros países, e os Estados Unidos foi a última nação industrializada a mudar para esse sistema.

O inventor foi...

Mais um fato curioso sobre esta história toda é que nem Gould, nem Townes, nem Schawlow foram os primeiros a fabricar a máquina a laser: quem conseguiu torná-la realidade foi outro físico chamado Theodore Maiman, em 1960. Assista ao vídeo dele fazendo uma demonstração de seu invento o ano de 1983:

Então, ele deveria levar o título de inventor do laser?

Invenção é um um processo, não um ato isolado!
"Uma opinião comum entre os historiadores de ciência e tecnologia é que geralmente é um erro tentar vincular uma invenção ou uma descoberta científica a um único indivíduo ou instante no tempo", escreveu a historiadora Joan Lisa Bromberg, autora de "O Laser nos Estados Unidos, 1950-1970 ".


Ela citou Hugh GJ Aitken, professor da Universidade Americana de Amherst, em Massachusetts, que escreveu: "Nós tendemos a pensar na invenção como um ato, ao invés de um processo devido ao viés incorporado às nossas leis de patentes".

"Para garantir os direitos de propriedade de uma nova descoberta, é importante poder estabelecer prioridades ao longo do tempo... No entanto, esse viés não deve corromper nossas interpretações históricas... a invenção (é) um processo com uma duração considerável no tempo, em que muitos indivíduos contribuem de maneira substancial."

O caso da invenção do laser é um bom exemplo disso.

Para Bromberg, nem Gould, nem Townes, nem Schawlow, nem Theodore Maiman fabricaram um laser por conta própria. O laser foi criado devido a todas as suas contribuições – e também às de outros cientistas.

Uma jovem física chamada Irnee D'Haenens, enquanto trabalhava com Maiman no laser, brincou que o dispositivo era "uma solução em busca de um problema"... e que finalmente encontrou vários.

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