Satélite perdido é encontrado em órbita por astrônomo amador

O satélite IMAGE da NASA, perdido ha 12 anos, foi encontrado por acaso pelo astrônomo amador Scott Tilley.

A descoberta deste canadense foi feita em janeiro, mas só no início deste mês foi confirmada pela NASA.

Ele utilizou equipamentos "simples" de radiocomunicação para identificar o sinal do satélite. Saiba mais dessa história inesperada...

Motivação

O astrônomo, Scott Tilley, passa seu tempo livre seguindo os sinais de rádio de satélites em órbita, na tentativa de identificar algum satélite espião. Para isso, utiliza equipamentos de rádio frequência, que montou ha um bom tempo no fundo de sua casa, e que não custam atualmente mais do que 5 mil dólares. Ao lado, uma foto da antena que ele possui.

No início do mês ele programou seus equipamentos para realizar uma varredura de banda S a fim de procurar novos alvos e atualizar a lista de frequências dos satélites ativos. "Isso tende a ser uma atividade semestral, pois pode consumir muitos recursos de observação, mesmo com grande parte da coleta de dados automatizada, a análise de dados é tediosa", afirmou.

Nesta ocasião, ele estava procurando por evidências de Zuma, um satélite norte americano que foi classificado como falho após o lançamento. Mas ao invés de descobrir Zuma, Tilley pegou um sinal de um satélite denominado "2000-017A", que correspondia ao satélite IMAGE da NASA, perdido ha 12 anos. "Só precisava de alguém para ouvi-lo", comentou Tilley.

Desde o anúncio de Tilley, os cientistas do projeto passaram alguns dias explorando o software e registros antigos e no final do mês de janeiro a NASA conseguiu retomar o contato com a IMAGE.

Didaticamente recomendo acesso ao blog de Tilley através do qual relata os procedimentos e verificações técnicas que realizou bem como o contato com a equipe. Clique aqui para acessar o blog .

Sobre o IMAGE

Destinado a fazer medições de partículas na magnetosfera terrestre e estudar a interação dos ventos solares com a magnetosfera, o Explorador Global da Magneto Pausa e Aurora (IMAGE, em inglês)  foi lançado em 25 de março 2000 base da força aérea de Vandenberg, nos Estados Unidos, a bordo de um foguete Delta II 7326. Após pouco mais de 5 anos de perfeito funcionamento, seu contato foi perdido em 18 de dezembro de 2005.

O IMAGE foi o primeiro satélite com instrumentação adequada para detectar partículas em grandes distâncias e não nas imediações do satélite, como outros equipamentos já faziam, sendo capaz de medir densidades, energias e massas de partículas carregadas em todo o volume da magnetosfera terrestre. Essa missão teve custo de US$ 150 milhões na época.

Os instrumentos do satélite de meia tonelada serviram como uma espécie de telescópio, proporcionando uma visão global das partículas carregadas capturadas no campo magnético da Terra, especialmente no hemisfério norte. A imagem ao lado ilustra sua órbita, de grande excentricidade.

Até o natal de 2005 o satélite funcionou perfeitamente. Mas houve uma oscilação no sinal naquela ápoca, o que provocou a perda de comunicação com a sonda. A NASA eventualmente atribuiu a falha do controlador que fornece energia ao transponder do satélite. 


No entanto, era possível que IMAGE pudesse se reiniciar (reboot) durante os pontos em sua órbita quando a Terra eclipsou seus painéis solares por um período prolongado, drenando suas baterias. Tais eclipses ocorreram ha 5 anos e novamente no ano passado, talvez desencadeando seu renascimento.


Antes da perda de contato a IMAGE já era considerada uma missão bem-sucedida. Se for revivida, sua órbita estará bem posicionada para continuar a monitorar a região de ocorrência da aurora boreal. 

Repercussões
A notícia se espalhou por ex-membros da equipe de ciência da IMAGE, dentre eles, Patricia Reiff, física do plasma espacial da Rice University, em Houston, Texas, que foi co-investigadora na missão. "As chances são extremamente boas de estar vivo", diz Reiff. Também parecem haver dados além da telemetria no sinal, talvez indicando que alguns dos satélites de seis instrumentos estão funcionando.

No momento, a equipe está perplexa quanto ao motivo pelo qual a taxa de rotação da nave espacial diminuiu, o que pode tornar a comunicação mais desafiadora. "A equipe está segurando sua respiração em conjunto esperando trocas reais de informações entre a IMAGEM e o chão", acrescenta Reiff.

Os instrumentos da IMAGE foram projetados para capturar partículas energéticas ejetadas por colisões de átomos na magnetosfera, criando uma imagem em larga escala dessa região e suas interações com o Sol. É uma capacidade que nunca foi substituída, diz Reiff. "É realmente inestimável por agora - lançar tempo no espaço e realmente entender a resposta global da magnetosfera às tempestades solares".

É emocionante pensar que a espaçonave poderia estar de volta, acrescenta Reiff. Isso lembra o lema da missão: "A verdadeira viagem de descoberta não é buscar novas paisagens, mas ter novos olhos".

Fonte:

NASA, ScienceMag, Scott Tilley, Washington Post