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domingo, 19 de agosto de 2018

Quem viu o cometa verde?

Ao longo desta semana um visitante distante alcançou sua máxima aproximação do Sol. É o cometa C/2017 S3 Panstarrs que na foto ao lado não deixa dúvida de sua tonalidade verde.

Foi a primeira vez que esse objeto passa pelo Sol. E provavelmente não voltará nos próximos milhões anos...

Para aqueles que como eu não o viram, essa publicação registra os detalhes de sua passagem.

O evento
Na última quarta dia 15 de agosto o cometa C/2017 S3 Panstarrs alcançou seu ponto de maior proximidade do Sol, a apenas 31 milhões de quilômetros de distância do nosso principal astro, o que é  bem mais perto do que o planeta Mercúrio, cujo periélio é de cerca de 46 milhões de quilômetros. No inicio do mês passou a apenas 113 milhões da terra. A imagem abaixo ilustra sua trajetória de aproximação no dia 17 de julho (vindo da direita para a esquerda).

O cometa chamou a atenção de astrônomos do mundo todo por ter sofrido dois "outbursts"  ao longo do mês de julho. Os "outbursts" são explosões que ocorrem com o núcleo do cometa devido a sua aproximação com o Sol, e que lançam ao espaço milhões de toneladas de material cometário, que sublimam e fazem aumentar bruscamente o brilho do cometa.

Há relatos de observadores experientes pelo mundo todo que o processo de outburst fez o brilho do cometa saltar da magnitude 12 para a magnitude 9 em apenas algumas horas. Esse decremento de 3 magnitudes significa que C/2017 S3 ficou 15 vezes mais brilhante no dia 17 de julho! A sequência de imagens ao lado revela suas propriedades. Foi feita pelo austríaco Michael Yager, astrônomo amador que capturou o cometa em seu ultimo outburst.

No dia 15 de agosto, em seu periélio, sua máxima magnitude foi de 7, fora do limite visual do olho humano - por isso foi praticamente impossível de vê-lo a olho nú. Além disso, a proximidade do cometa em relação ao Sol fez com que seu brilho seja totalmente ofuscado pela estrela e somente observadores e astrofotógrafos experientes conseguiram algum registro do objeto (veja abaixo).

O C/2017 S3 é visível durante a noite toda  no hemisfério norte (declinação +55º N), especialmente ao norte do hemisfério. Acompanhe na simulação ao lado feita com o Stellarium a trajetória do cometa ao longo das últimas semanas.


Devido ao tipo de orbita (hiperbólica), tudo indica que esta é a primeira vez que esta rocha gelada passou por aqui e possivelmente não deverá retornar nos próximos milhares de anos.  
O objeto
Descoberto em 23 de setembro de 2017 através do telescópio PS1, localizado no monte Haleakala no Havaí (foto ao lado), C/2017 S3 é um cometa de órbita hiperbólica, provavelmente proveniente da nuvem de Oort, situada a cerca de 50 mil UA do Sol, ou 7.5 trilhões de km. 

Embora o tamanho do núcleo de C/2017 S3 seja desconhecido, pesquisadores entendem que seu diâmetro não seja maior que 1 km, rico em carbono diatômico, que quando ionizado pela radiação ultravioleta proveniente do Sol emite luz no comprimento de onda de 550 nanômetros, percebido pelos nossos olhos como a cor verde.

Apesar de relativamente pequeno, a violenta sublimação que sofreu ao se aproximar do Sol fez a coma do cometa crescer e de acordo com as observações realizadas ao longo do mês de julho, atingia cerca de 250 mil km de diâmetro, aproximadamente duas vezes o tamanho angular do planeta Júpiter.

Todos os detalhes técnicos do cometa podem ser obtidos pelos sites The Sky Live e  também pelo site da NASA o JPL Small Body database browser.

Cuidado com as notícias!
Encerro essa publicação ilustrando mais uma vez como as notícias científicas são incorretamente transmitidas por pessoas desinformadas - assista ao vídeo e confira: 





Fontes

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