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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Minha primeira observação astronômica "profissional"

Foi na noite de 14 de novembro que fiz minha primeira coleta "profissional" de imagens para análises astronômicas !

O alvo foi Hektor, um asteroide que orbita o Sol na mesma órbita que o planeta Júpiter - é ele o pontinho que se move ao centro da sequência de imagens ao lado (clique na imagem para ver em tela cheia).

Para isso, controlei aqui de casa um telescópio que fica em Itajubá-MG, e passamos a noite e começo da madrugada "olhando para ele"...

Divulgo nesta publicação uma pequena parte do trabalho que os astrônomos fazem em suas pesquisas científicas.


Esse foi um daqueles momentos singulares na vida, que pude experimentar na companhia dos meus amigos, orientadores e astrônomos Felipe Braga Ribas e Rafael Sfair, além dos colegas Chrystian Pereira (que faz doutorado no Observatório Nacional) e Giuliano (licenciatura em Física). Agradeço pela paciência e orientação de vocês!

Mesmo devido as restrições de não podermos estar pessoalmente no observatório, pude experimentar como é fazer uma observação astronômica de um objeto celeste utilizando equipamentos destinados à pesquisa astronômica.

Foram 3 noites de observações, entre 13 e 15 de novembro, tempo que havíamos solicitado no primeiro semestre deste ano. Utilizamos o telescópio da foto ao lado, de 0,6 m de diâmetro, chamado de Boller & Chivens (IAG/USP). Ele está no prédio da esquerda na imagem abaixo, e é um dos instrumentos instalados no Observatório do Pico dos Dias (OPD), que é parte do Laboratório Nacional de Astronomia (LNA). O OPD está situado a 32 km da cidade de Itajubá-MG,ao sul do estado , na região de divisa entre SP, RJ e MG.

O alvo dessa missão foi Hektor, o maior de uma família de asteroides classificado como Troiano, que orbitam o Sol na mesma órbita do planeta Júpiter. Ele está muito longe (5,21 UA), é pequeno (estima-se que seu volume seja equivalente a uma esfera de 250km de diâmetro) e reflete pouca luz (magnitude aparente é de 14,4 - o limite da visão humana é 6, ou seja, é imperceptível e é beemmm "fraquinho"). Por tudo isso, Hektor só é detectável com o uso de telescópios, e por isso não temos uma "foto direta" dele, mas a animação a seguir dá uma boa ideia de sua localização, formato e de e sua lua - sim, uma das características desse asteroide que nos chama atenção é sua lua, que estima-se ter 12 km, e o orbita a cada 3 dias, numa órbita de 600 km.


Hektor foi descoberto em 1907 pelo astrônomo August Kopff, e sua lua somente foi detectada em 2006 por uma equipe liderada por Franck Marchis, do centro astronômico Carl Sagan, do instituto SETI. Utilizo os trabalhos de Marchis como uma das fontes em minha pesquisa do mestrado em astrofísica com a orientação do Felipe e do Rafael. Estou estudando meios de determinar seu formato analisando a luz que captamos dele (em outra publicação futura falarei mais sobre a técnica que utilizamos). Não se iluda: na astronomia, determinar formatos de alguns objetos não é tão simples quanto tirar uma fotografia...

Na observação bem sucedida da noite do dia 14/nov coletamos mais de 100 imagens ao longo de quase 4 horas de observações - elas compõem a animação que apresento no início dessa publicação. Sim, é aquele pequeno pontinho que se mexe nas imagens que observamos .... Recomendo clicar na imagem de abertura, para poder observar Hektor em tela cheia... Observe na imagem do site Space Reference a posição dele no céu, indicada pelo circulo rosa:
 
 

Nas noites do dia 13 e 15 não foi possível coletar dados, pois o céu estava nublado. Faz parte ne? A foto ao lado é da noite do dia 13, da central meteorológica do OPD.

As informações provenientes da análise das imagens poderão contribuir para a determinação da forma de Hektor. Os dados coletados equivale a observarmos metade de sua face, já que sua rotação completa leva quase 7 horas.

Para coletar os dados controlamos os três computadores acoplados ao telescópio, cujas telas compartilho na imagem ao lado: a primeira mostra o controle de posicionamento do telescópio; a do meio mostra o controle da câmera e de armazenamento (captura) das imagens; a última é o micro utilizado para analisar as imagens que foram registradas.

Dá para perceber que há diversos tipos de controles e ajustes para fazer ne? 

A parte mais emocionante foi ver o telescópio se mexendo durante seu posicionamento - não consegui registrar o momento, mas na próxima observação agendada para novembro irei gravar e mostro pra vocês.

Em breve falarei mais sobre o OPD e como os dados que coletamos são analisados.

Nos vemos no futuro!

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