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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Encontrado (mais um) planeta semelhante com a Terra

Eu não diria que encontrar por ai planetas como a Terra seja algo comum... E, na verdade, nosso planeta parece ser único - pelo menos até agora.

No início desse mês foi divulgado a descoberta de mais um planeta que orbita sua estrela numa região que pode ter condições para abrigar vida.

(a imagem ao lado exagera - e muito - com essa possibilidade, mas ainda sim é uma bela montagem!)

Outras pesquisas apontam que em nossa galáxia, pelo menos uma a cada cinco estrelas comparáveis ao Sol possuem planetas ao seu redor - como falei nesse outro post.

Sabe o que isso significa? Sabe como astrônomos detectam tais planetas distantes? E que impactos a descoberta de um outro planeta habitado pode trazer para sua vida?

A PAISAGEM
Céu azul, vento a soprar, poucas nuvens brancas ao longe, o sol iluminando um vale por meio a montanhas, por onde corre um rio cercado de matas... essa descrição lembra - e muito - alguma das paisagens mais comuns em nosso planeta, certo? Pois segundo a NASA ela descreveria muito bem a paisagem de Marte, há um bom tempo atrás... A animação abaixo revela esse ambiente, que foi recriado de acordo com os dados que analisados da superfície do atual planeta vermelho. Veja como (provavelmente) era Marte no passado, há 1 ou 2 bilhões de anos atrás:



Também ficou arrepiado ao ver isso?  (uma coceirinha deu que eu sei, vai.... rsrsrs).

Se essa de fato foi a paisagem marciana no passado, ninguém pode provar. Mas essa simulação é feita com os dados analisados pelas sondas que estão em solo marciano (em especial, pela Curiosity, que pousou por lá em agosto de 2011). Eles sugerem que Marte era um local tão amigável quanto nosso planeta é atualmente. Esse fato o colocaria na lista dos até agora raros locais onde a vida poderia florescer e se sustentar. (existem até teorias que defendem a ideia de que a vida foi "semeada" em nosso planeta com meteoritos arrancados do planeta vermelho, mas isso é assunto para outra publicação...).

O que transformou um lugar desses em um deserto árido como é hoje (conforme o vídeo ilustra, e foto ao lado, registrada pela sonda Spirit na superfície do planeta) é um desafio para que as pesquisas científicas futuras tentem responder...A NASA lançou no dia 18 desse mês uma missão inédita rumo ao planeta vermelho para tentar determinar justamente as causas dessa transformação (ela deve chegar a Marte em setembro de 2014. Irei falar sobre ela em outro post... clique aqui para saber mais). Por hora, quero ressaltar que um vizinho muito próximo a nós também possui(a) condições favoravies para sustentar vida (pelo menos, num passado não tão remoto).

Como falei em outro post, se no passado houve vida em Marte, então há uma (grande?) possibilidade de sermos nós os marcianos! (clique aqui para ler). Provas disso? Inúmeras... Veja essa reportagem divulgada pelo portal Terra que fala sobre a descoberta em nosso planeta do meteorito mais antigo (até agora) vindo de Marte! (no passado remoto, era comum a troca de materiais entre os planetas em formação...).

Tais situações levam astrônomos a tentar determinar as chances de encontrar vida em outros sistemas planetário semelhantes ao nosso, uma vez que, ao que tudo indica, no nosso caso, a vida pôde existir em (pelo menos) dois planetas distintos ao redor de uma mesma estrela.


AS DESCOBERTAS
Só há um meio de (tentar) responder a essa pergunta: olhando para o céu!

Com o aprimoramento nas técnicas de observações e interpretação de dados ocorrida nos últimos 20 anos, astrônomos do mundo todo estão a caça do próximo "planeta Terra": um local com (no mínimo) a possibilidade de sustentar e, quem sabe, abrigar vida.

Notícias assim foram veiculadas pela mídia com certa frequência: só nesse ano, pelo menos 3 descobertas foram divulgadas (haveriam mais??). A figura abaixo  ilustra os planetas com maiores chances de abrigar vida que já identificamos até agora:


IMPACTOS
Bem, creio que você já deve estar sentindo esse arrepio ou friozinho na barriga só de ouvir sobre a possibilidade de ter alguém olhando para você, da mesma forma que você os observa quando fica olhando para o céu!. Suas sensações individuais nem se comparam ao impacto coletivo que a descoberta de vida extraterrestre pode causar às mais diferentes culturas que existem espalhadas pelo planeta: estruturas administrativas, econômicas e governamentais; crenças religiosas; modos de vida, organização social... a civilização como a conhecemos pode sofrer profundas modificações... talvez para melhor, talvez para pior... mas certamente irreversíveis!

Imagine a confusão que causaria, por exemplo, nas crenças religiosas das pessoas que cultivam sua fé religiosa ao saber que existem outros seres também criados a "imagem e semelhança" do Pai... seriam por esse motivo os ETs parecidos conosco? E se forem diferentes: que "pai" teria os criados? Haveriam outros "deuses criadores"?....

E se os tais ETs forem mais evoluídos que nós? Que interesses teriam eles sobre seres inferiores? Seriam eles amigáveis? O que poderíamos aprender e ensinar?

Questionamentos como esses, que extrapolam nossa percepção, são naturais e parecem fazer parte da essência de sermos humanos - e não só sobre o tema 'extraterrestres', mas em questões metafísicas (que vão além do que podemos identificar e compreender), e compõem as chamadas "questões fundamentais" que todos fazemos em algum momento da vida, como "quem sou eu?", "de onde viemos?", "para onde vamos?" (se você ainda não as fez, espere que em algum momento de sua vida fará...).

Pensar sobre essas cosias podem nos trazer uma grande confusão mental, pois aparentemente elas não tem uma resposta - pelo menos agora! Esperar pelo tempo em que possamos desenvolver tecnologias que nos permitam aprimorar nossa compreensão sobre o cosmos é angustiante... e até de certa forma deprimente (pois tais dispositivos as vezes podem demorar mais tempo do que os de nossas próprias vidas...). Mas ao mesmo tempo fazer perguntas como essas é o que propicia ao ser humano aprender cada vez mais, aprimorando sua forma de ver e entender o universo , contribuindo (portanto!) para sua evolução como espécie! E quem sabe até isso não tenha ocorrido no passado, como alguns defende.... a figura abaixo ilustra (comicamente) como isso teria ocorrido, e sua (provável) consequencia.... (rsrsrs)


Voltando a falar sério, penso que o maior impacto que noticias sobre a descoberta de um outro planeta como a Terra pode trazer para cada um nós é a chance de sermos cada vez melhor (evoluirmos nosso pensamento e visão de mundo) e mais humildes (pois o universo não é só nosso, e temos que compartilha-lo com outros).

Por enquanto nossa tecnologia não consegue determinar se há vida lá fora ... mas se houver, é melhor estar preparado! Recomendo a assistir alguns filmes que falam do assunto, como "Independence Day", "Marte ataca", "Guerra dos mundos", "Apollo18", "planeta 51" ... Por hora, entenda como é possível detectar planetas ao redor de outras estrelas, e tentar imaginar como eles são.

Quer sentir como seria dar de cara com um ser de outro mundo por aqui? O youtube tem vários vídeos fake por ai... assista esse e veja se não é de arrepiar:




TECNICAS
Existem várias técnicas diferentes que são utilizadas em conjunto para detectar um planeta ao redor de uma estrela e estimar suas características físicas (como tamanho, massa, temperatura, composição, duração do ano...). Descrevo abaixo as três mais empregadas atualmente:

1) Trânsito: ao apontar super telescópios para as estrelas, sensores específicos determinam a variação na intensidade da luz recebida quando algum objeto passar (eventualmente) pela sua frente. Esse fato está ilustrado na imagem ao lado.Na prática, é como assistir a novela e mover seu dedo ou sua mão logo a sua frente, entre seus olhos e a tela da TV: é possível notar (sentir) uma variação no brilho (intensidade da luz) que chegam até seus olhos. Dependendo da quantidade de luz bloqueada, você pode ter uma noção do tamanho do objeto que passou entre voce e a TV: seu dedo bloqueia pouca luz, enquanto sua mão bloqueia mais. A revista Veja divulgou a animação abaixo para ilustrar como esse processo funciona:

Com essa técnica é possível estimar, por exemplo, o tamanho do planeta, o tempo de sua órbita (quanto mais rápido ocorrerem eventuais bloqueios de luz, mais rápido será a órbita do planeta ao redor de sua estrela), a distância até sua estrela (que está relacionado com o tempo de sua órbita) e a temperatura do planeta (que depende, entre outros fatores, da distância até a estrela). Para ilustrar essa técnica, recomendo acessar o post que escrevi ano passado sobre o trânsito (passagem) de Vênus  pelo Sol , que foi considerado o evento astronômico do século - clique aqui para ler.


Como ainda não se sabe com precisão quantas estrelas possuem planetas, e quantos planetas podem haver ao redor de cada estrela, grupos de astrônomos espalhados pelo mundo todo monitoram continuamente os céus e avaliam sem parar a intensidade da luz que estrelas emitem (essa é uma das áreas de especialização na astronomia. Meu amigo Felipe Braga Ribas (na foto ao lado), alcançou seu doutorado em astronomia na área de trânsito planetário - ele emprega essa técnica para estudar as luas de Netuno! Leia esse artigo da revista da FAPESP para ter uma ideia do trabalho dele e de sua equipe).

2) Balanço gravitacional: essa técnica combina os resultados que observamos em duas brincadeiras de crianças: o bambolê e o cabo de guerra. Um planeta mantêm sua órbita ao redor de sua estrela devido a atração gravitacional entre eles - esse é o cabo de guerra que ambos jogam. Só que nessa brincadeira, não percebemos o mais fraco "indo" numa trajetória reta em direção ao mais forte, pois eles não estão parados um em relação ao outro (como no cabo de guerra), mas permanecem num movimento circular desde que nasceram, como um bambolê - no espaço não tem nada que os faça parar, como o atrito que temos com o chão, por exemplo..

Esse bamboleio, que parece inclusive uma dança (a do universo, como um dos livros de Marcelo Gleiser relata) ocorre pois ambos estão "ligados", "conectados" devido a mesma força que mantêm você leitor e tudo mais de seu cotidiano ligados à Terra (isso! a força da gravidade). Lembram-se da 3ª lei de Newton (se você não sabe o que é isso, me aguarde até 9º ano...rsrsrs): como consequência desse movimento, o mais leve (no caso, o planeta) desloca levemente o mais pesado (a estrela) enquanto circula ao redor dele (igual ao bambolê por usa cintura, que exige que o mais pesado a rebolar, se mexer um pouco, para manter o bambolê girando...). Essa oscilação na origem do brilho (posição da estrela) é sutil e uma vez detectada podem estimar a massa necessária (e indiretamente o "tamanho") que um planeta deve possuir para fazer sua estrela balançar.

3) Refração atmosférica: Essa é uma técnica bem recente e muito sensível, e tenta determinar uma assinatura (traços) de componentes químicos em outros mundos, dando-nos pistas de como esses planetas podem se parecer. Ela pode por exemplo nos revelar o que possui em sua atmosfera e (eventualmente) pela superfície . Para funcionar bem, os sensores devem estar calibrados quando o planeta estiver entre sua estrela e o observador, num momento bem específico de seu trânsito: a luz captada diretamente da estrela é comparada com a luz que passa "bem rente" ao planeta (pois assim poderia estar atravessando a atmosfera local ou até ser refletida pela superfície do planeta). Analisando esses dois conjuntos de feixes de luz é possível identificar alguns elementos químicos que possam causar eventuais diferenças identificadas neles. Não é nada exato, mas como falei e insisto, podem dar pistas do que existe por lá.

Essas e outras técnicas são empregadas em conjunto ao analisarem a luz que vem de uma estrela. O telescópio que mais conseguiu detectar planetas utilizando as técnicas acima foi o Kepler (na foto ao lado). Falei muito dele em outro post (clique aqui para ver). Ele está em óribta do nosso planeta e desde seu lançamento (ocorrido em 2008) já encontrou mais de 1000 planetas apenas num pequeno pedacinho do céu, que fica bem no meio da constelação do Cisne. Fico imaginando (assim como você leitor) o que ele (e outros super telescópios) poderão descobrir ao olhar para outros cantos desse imenso céu!


IMPORTANTE: acho que você percebeu que nenhum telescópio consegue "ver" os planetas da mesma forma que nós vemos as coisas ao nosso redor... As imagens que a mídia divulga de outros mundos são desenhos, montagens feitas a partir do conjunto de diferentes dados coletados por vários instrumentos diferentes espalhados pelo globo. Falei sobre isso em outro post, sobre a verdadeira cor dos planetas, no qual desenvolvi uma atividade com meus pequenos para compreenderem bem isso. Clique aqui para ler e comentar.

Encerro deixando registrado uma grande dúvida que eu tenho frente a possibidade de vida extraterrestre, e em especial, em Marte: se Marte é o planeta vermelho, por que os marcianos são verdes (ao menos, assim retratados nas histórias de ficção científica)?


Fontes dessa publicação:

5 comentários:

  1. voce é um otimo professor

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  2. adorei o seu blog tem muitas informaçoães legais

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  3. adorei seu blog . Esse é o melhor blog de astronomia do mundo!

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  4. Que interessante! Não sabia disso, vou comentar com os parentes! Adorei o seu blog, beijos de todas!

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  5. O vídeo das naves deu um frio na barriga! Aquele vídeo me deixou muito interessada gostei vou continuar vendo!

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